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Pensando o ritual - Sexualidade, Morte, Mundo

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cimento do que aquela que o indivíduo poderia ver se estivesse<br />

presente no local, sem com isso adquirir um status artístico.<br />

Os meios de comunicação de massa, até o momento, têm<br />

em geral negado o seu caráter de simulacro. Ao considerar a si<br />

próprios como “espelho da realidade” ou do futuro diante de<br />

um público ainda profundamente impregnado de nostalgias<br />

metafísicas, chegaram às aberrações hiper-realistas e hiperfuturistas.<br />

Mas o seu valor não consiste na satisfação de pretensões<br />

metafísicas; ao contrário, ele implica precisamente o abandono<br />

de tais pretensões. Os meios de comunicação não podem<br />

ser a representação da realidade ou do futuro, porque são, antes<br />

de tudo, condições da experiência social presente e futura.<br />

Hoje, o patrimônio estilístico, formal e cultural da humanidade<br />

pode ser objeto de uma simulação que se apresenta<br />

como tal, de uma ficção que oferece, além de si mesma, os<br />

sinais da própria irrealidade. Boorstin observa que, em toda<br />

a história do homem, se trata da primeira grande sedução na<br />

qual o fascínio do sedutor é reforçado pela revelação de seus<br />

artifícios. 17 Isso depende do fato de que a escolha não se dá<br />

— como nas idades metafísicas — entre verdade e mentira,<br />

mas entre uma imagem que se vende como realidade presente<br />

ou futura e uma imagem que é dada como imagem, entre<br />

a imagem hiper-realista—hiperfuturista e o simulacro.<br />

O simulacro, portanto, é a imagem sem identidade: ele<br />

não é idêntico a nenhum original exterior e não possui uma<br />

originalidade autônoma própria. O seu valor não possui valor<br />

algum; o seu engano é patente; o seu caráter conflituoso<br />

é indolor. Ele marca o momento no qual a ficção deixa de<br />

ser niilista sem, no entanto, restaurar a metafísica, no qual o<br />

conflito deixa de ser dissolvente sem restabelecer a unidade.<br />

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