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Pensando o ritual - Sexualidade, Morte, Mundo

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Quanto ao terceiro objeto da minha reflexão — o mundo<br />

—, este também, não menos do que a sexualidade e a morte,<br />

é âmbito de inquietantes interrogações: de fato, dele depende<br />

o sucesso ou o fracasso dos nossos empreendimentos. É a partir<br />

do Renascimento que a noção de “mundo”adquire, na reflexão<br />

teórica, um destaque sempre maior, tomando o lugar da<br />

“providência”, da “vontade de Deus”. No curso dos últimos<br />

trinta anos, esse processo de secularização, de desmitificação e<br />

de desencanto parece ter adquirido uma aceleração e uma<br />

radicalização que atingem não só as representações religiosas,<br />

como também as representações ideológicas consideradas uma<br />

continuação das primeiras. Nasce disso uma atenção totalmente<br />

profana e mundana no que se refere à imagem e à sua relação<br />

com a realidade — o ensaio sobre a iconofilia e a iconoclastia,<br />

aqui incluído, se insere exatamente nessa trama de reflexões. Na<br />

idéia de mundanalidade está implícita uma referência à obtenção<br />

de um resultado; os ensaios sobre a arte como operação<br />

mimética e sobre a cerimônia estudam precisamente a<br />

vinculação entre repetição e efetividade. Em um livro recente,<br />

defini com o neologismo sensologia, cunhado a partir do modelo<br />

de “ideologia”, a modalidade completamente distanciada,<br />

impessoal e mundanizada da experiência: ela caracteriza o sentir<br />

contemporâneo. Tudo isso, porém, não deve induzir a um<br />

estado depressivo ou prejudicialmente negativo. Como diz<br />

Quevedo: “Nada me desilude! O mundo me encantou!”.<br />

37<br />

Mario Perniola<br />

Os textos reunidos neste livro foram extraídos de La società dei simulacri (Bolonha,<br />

Cappelli, 1980) e de Transiti (Bolonha, Cappelli, 1985). Os capítulos “Ícones, visões<br />

e simulacros”, “Fenômeno e simulacro” e “O ser-para-a-morte e o simulacro da<br />

morte” integram o primeiro volume; os demais, o segundo.

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