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Pensando o ritual - Sexualidade, Morte, Mundo

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Capítulo VII<br />

O reino intermédio<br />

1 Ser-para-a morte ou renascer?<br />

A energia com a qual Heidegger, em Ser e tempo, 1 chamou<br />

a atenção da cultura contemporânea para o problema da<br />

morte tem certamente uma justificativa teórica ainda válida, na<br />

recusa da postura humanística, segundo a qual a morte é algo<br />

completamente estranho à vida, algo que se pode eludir facilmente<br />

não se falando dela ou procurando esquecê-la. Entretanto,<br />

o propósito — comum a outros filósofos contemporâneos<br />

— de considerar a morte o fato mais significativo e fundamental<br />

da existência parece uma pretensão muito menos convincente,<br />

porque implica uma dramatização enfática da vida<br />

humana, a qual se revela dilacerada entre o ser-para-a-morte e<br />

o ser no mundo, entre o autêntico e o inautêntico, entre aquilo<br />

que é “próprio” e “originário” e o que é impróprio e derivado.<br />

Particularmente o ser-para-a-morte parece ligado a uma<br />

perspectiva que sempre considera a morte a possibilidade capaz<br />

de tornar-se mais própria que qualquer outra, como a an-<br />

198

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