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Pensando o ritual - Sexualidade, Morte, Mundo

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mundo aparente: o real, no sentido daquilo que “está de fato”,<br />

constitui “o oposto daquilo que não resiste a uma verificação e<br />

que se apresenta como puro aspecto (als blosser Schein) ou como<br />

simples opinião”. 27 Essa concepção factual (tatsächlich) da realidade,<br />

que considera o real objeto e o conhecimento representação,<br />

perpetua-se na técnica moderna e na sua pretensão de subordinar<br />

tudo ao cálculo, à avaliação tranqüilizadora, à planificação<br />

universal. A técnica não pode deixar de relegar à categoria<br />

de inessencial aquilo que resiste à sua redução, isto é, os aspectos<br />

que não se podem alcançar, representar ou abranger daquilo<br />

que se mostra em si mesmo. Inversamente, a meditação<br />

(Besinnung) não se propõe a chegar a resultado algum e não produz<br />

efeito algum. Ela satisfaz a sua essência na medida em que<br />

é, em que “olha em direção ao puro resplandecer (scheinen) das<br />

coisas presentes” e redescobre o sentido originário da palavra grega<br />

tíchto (pro-duzir) como “fazer aparecer”. Fazer resplandecer<br />

aquilo que está presente enquanto tal, torná-lo manifesto na sua<br />

revelação, consentir que o ser se mostre, significa “trazer à linguagem”<br />

(zur Sprache bringen) a palavra do ser. A linguagem,<br />

portanto, é por si própria evento (Ereignis), revelação reveladora,<br />

em uma palavra, história (Geschichte). O evento entendido em<br />

seu sentido mais profundo significa mais uma vez o mostrar-se<br />

(sich zeigen) da essência do ser, por um caminho que não é nem<br />

“real”, nem “aparente”, nem teórico, nem prático, nem factual,<br />

nem subjetivo. 28 O ponto de chegada da reflexão heideggeriana<br />

não é, no fundo, mais do que um enésimo repensar do seu ponto<br />

de partida, exposto no propósito formulado em Ser e tempo, que<br />

consiste em voltar-se para as coisas mesmas, para o fenômeno,<br />

para aquilo que se mostra em si mesmo.<br />

Da mesma forma, o caminho aberto por Klossowski não<br />

é teórico nem prático: não existe mais nada que separe o simu-<br />

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