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Pensando o ritual - Sexualidade, Morte, Mundo

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tra com o espírito, do sensível com o supra-sensível, da escrita<br />

com o significado —, ao contrário, examina a interpretação<br />

com base no “hermenêutico” (das Hermeneutische). Referindo-se<br />

ao significado originário da palavra, ele entende o<br />

hermenêutico como aquilo que se manifesta, aquilo que<br />

“aflora cada vez mais abertamente” e, em conseqüência, como<br />

o fenômeno, o aparecer daquilo que aparece (das Erscheinen<br />

der Erscheinung), o próprio ser presente pensado como aparecer<br />

(das Anwesen selbst als Erscheinen gedacht). A aparência é<br />

a própria essência do ser presente e da linguagem. Fica assim,<br />

de forma categórica, excluída a concepção da linguagem<br />

como expressão de algo espi<strong>ritual</strong>, supra-sensível ou<br />

supralingüístico — a linguagem não é o aspecto exterior, meramente<br />

aparente, de um mundo verdadeiro, caracterizado por<br />

um status não lingüístico, mas a própria essência do ser. Não<br />

é signo que remete a um referente, mas diretamente sinal<br />

(Wink); não é cifra ou símbolo de algo, mas gesto (Gebärde).<br />

Para destacar esse aspecto essencial da linguagem, Heidegger<br />

introduz a palavra Sage (dizer originário), derivada do verbo<br />

sagen, que, na sua acepção arcaica, possui o mesmo significado<br />

que zeigen, isto é, “mostrar”, “deixar aparecer”, “deixar resplandecer”<br />

(Erscheinen-und scheinenlassen), “revelar iluminando-velando”,<br />

“oferecer aquilo a que chamamos de mundo”.<br />

Em Sage encontra-se a essência da linguagem. A linguagem,<br />

enquanto linguagem, é mostrar: todo aparecer ou não<br />

aparecer apóia-se no mostrar do Sage. Somente a palavra faz<br />

com que uma coisa se mostre, seja aquilo que é. Os conceitos<br />

tradicionais de verdadeiro e de aparente, articulados em<br />

sua oposição, dissolvem-se ambos em favor de uma terceira<br />

dimensão que absorve, incorpora, detém a essência do ser.<br />

Uma vez mais, a solução heideggeriana é, no fundo, uma re-<br />

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