12.04.2013 Views

Pensando o ritual - Sexualidade, Morte, Mundo

Pensando o ritual - Sexualidade, Morte, Mundo

Pensando o ritual - Sexualidade, Morte, Mundo

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

tinção entre autenticidade e inautenticidade não implique um<br />

juízo de valor e ambas façam parte da estrutura do ser-aí, a tal<br />

ponto que a existência autêntica nada mais é do que “uma apreensão<br />

modificada” (ein modifiziertes Ergreifen) da cotidianidade<br />

projetiva, entretanto toda a analítica existencial baseia-se na tensão<br />

entre uma dimensão “mundana”, caracterizada pela<br />

cotidianidade anônima, e uma dimensão “própria”, caracterizada<br />

pela perfeita identidade do si-mesmo. Ora, na experiência<br />

que se inspira em Loyola, o mundo histórico e a eleição<br />

não se opõem de modo algum; ao contrário, é justamente o<br />

mundo histórico, sentido como diferença, descontinuidade,<br />

novidade emergente, que constitui o critério da eleição. Caso<br />

surgisse conflito entre a história e o indivíduo, isso significaria<br />

que não se alcançou a indiferença, que se permaneceu ligado à<br />

identidade do eu e que, portanto, não se pode escolher.<br />

Já nas primeiras páginas de Ser e tempo, Heidegger estabelece<br />

uma diferença radical entre o seu conceito de existência e<br />

a idéia tradicional de sujeito, caracterizado pela substancialidade,<br />

pela personalidade e pela simplicidade, redutível, por conseguinte,<br />

a uma simples-presença. Como conseqüência da determinação<br />

da existência autêntica enquanto chamado ao próprio si-mesmo<br />

(em relação ao esquecimento da existência inautêntica perdida<br />

no anonimato do Se), o problema da unidade e da substância<br />

do ser-aí impõe-se à sua consideração. De fato, por um<br />

lado, essa constância do ser-aí não pode ser pensada como permanência<br />

(Beharrlichkeit) do si-mesmo, uma vez que isso implicaria<br />

uma recaída na teoria do eu como sujeito; por outro, deve<br />

haver, quer uma constância do si-mesmo, um seu manter-se continuamente<br />

num estado, quer uma relação deste com a existência<br />

inautêntica do Se. Para resolver esse problema, Heidegger<br />

introduz um par de conceitos complementares: a estabilidade<br />

188

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!