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Pensando o ritual - Sexualidade, Morte, Mundo

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como óbito (antropológica, psicológica ou biologicamente<br />

considerada), fundamenta-se numa teoria também metafísica<br />

do homem enquanto constante permanência, enquanto constante<br />

simples-presença. 2 Poder-se-á subtrair a morte à metafísica<br />

somente se o homem for subtraído à metafísica, isto é,<br />

se no conceito de ser-aí estiver implícito o poder-ser. Desse<br />

modo, segundo Heidegger, a morte torna-se o poder-ser mais<br />

peculiar e autêntico do ser-aí.<br />

Assim como Heidegger, Baudrillard evidencia a substancial<br />

conexão existente entre o ponto de vista teológico e o humanístico.<br />

A preocupação de ambos consiste em manter a vida<br />

e a morte cuidadosamente separadas uma da outra: “A vida<br />

é vida, a morte é sempre morte”. 3 Teologia e humanismo coincidem<br />

em pensar a vida como uma identidade que nada tem<br />

a ver com a morte, como uma positividade absoluta que se<br />

mantém rigorosamente diferente do nada. Ambos têm a pretensão<br />

de abolir a morte, a primeira pela eternidade do espírito,<br />

o segundo pelo desenvolvimento indefinido do processo<br />

científico. Na base de ambos encontra-se um conceito de<br />

tempo ligado à economia política e moldado na acumulação<br />

ilimitada.<br />

A teologia e o humanismo podem ser considerados<br />

como a formulação teórica de uma atitude cotidiana extremamente<br />

difundida, que consiste em não pensar na morte, em<br />

fazer de conta que a morte não existe, em levar adiante um<br />

trabalho de “constante tranqüilização” (ständige Beruhigung)<br />

em relação à morte. 4 A alienação (Entfremdung) 5 consiste,<br />

para Heidegger, exatamente numa fuga diante da morte que<br />

lança o Dasein num auto-emaranhamento capcioso que pode,<br />

ainda, ser interpretado de modo errôneo como “perfeição” ou<br />

“vida concreta”. A ostentação de uma tranqüilidade indiferente<br />

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