12.04.2013 Views

Pensando o ritual - Sexualidade, Morte, Mundo

Pensando o ritual - Sexualidade, Morte, Mundo

Pensando o ritual - Sexualidade, Morte, Mundo

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ém, de uma escolha arbitrária ou subjetiva: a eleição impõese<br />

ao exercitante com imperiosa necessidade. A diferença entre<br />

decisão e eleição reside, ao contrário, na orientação em relação<br />

à morte — a decisão vai em direção à morte, enquanto<br />

única possibilidade da existência, e encontra a temporalidade;<br />

a eleição provém da morte, enquanto estado de completa indiferença<br />

e humildade, e encontra a história.<br />

Heidegger diferencia em Ser e tempo três determinações<br />

distintas do tempo: a temporalidade (Zeitlichkeit), a historicidade<br />

(Geschichtlichkeit) e a intratemporalidade (Innerzeitlichkeit). A<br />

temporalidade é a dimensão do tempo encontrada de forma<br />

originária no fenômeno da decisão antecipadora: esta temporaliza-se<br />

a partir de um porvir finito, isto é, caracterizado<br />

por um limite insuperável. Heidegger diferencia a temporalidade<br />

autêntica do ser-para-a-morte — caracterizada pela<br />

antecipação, pelo instante, pela repetição, pela angústia e pela<br />

projeção na perdição — da temporalidade inautêntica da Preocupação<br />

— caracterizada pelo esperar, pela apresentação, pelo<br />

olvido, pelo medo e pela curiosidade dispersiva. À temporalidade<br />

inautêntica da Preocupação está ligada a dimensão existencial<br />

do comércio e da ciência.<br />

Sobre a temporalidade do ser-aí fundamenta-se a sua<br />

historicidade, a qual proporciona a elucidação ontológica da<br />

“continuidade” do ser-aí, ou seja, de sua extensão, mobilidade<br />

e permanência: ela tem o seu centro de gravidade no ter-sido.<br />

A historicidade, segundo Heidegger, nada tem a ver com o conceito<br />

vulgar de história (Historie), objeto da historiografia (que<br />

considera o ser-aí simples-presença passada), mas traz o ser-aí<br />

à presença de seu destino (Schiksal), através do qual é transmitida<br />

uma possibilidade herdada e, no entanto, escolhida. É necessário<br />

distinguir entre o destino, entendido como historicidade<br />

184

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!