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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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totalmente os impulsos agressivos do homem;<br />

pode-se tentar desviá-los num grau tal que não<br />

necessitem encontrar expressão na guerra (ibid., p.<br />

255).<br />

Esse desvio do qual fala Freud se expressa em especial por maneiras<br />

indiretas de combater a violência, visto que, se o desejo de recorrer à<br />

violência é efeito da pulsão de morte, o mais direto seria contrapor o<br />

antagonista, Eros. Neste caso, tudo que reforça e favorece os vínculos<br />

emocionais humanos seria um contraponto à violência. Freud designa<br />

dois tipos de vínculos possíveis: os semelhantes aos estabelecidos com<br />

objetos amados, embora não tenham uma finalidade sexual; e o segundo<br />

seria aquele balizado pela identificação. No primeiro ponto, Freud cita<br />

diretamente o amor, colocando os mandamentos religiosos (como o<br />

“ama teu próximo como a ti mesmo”) como exemplo deste tipo de<br />

coesão social. Já o segundo é um impeditivo do narcisismo. Estando o<br />

sujeito impossibilitado de se ilhar completamente do outro, a violência<br />

se torna mais difícil de ser realizada em ato. Tudo que aproxima os<br />

interesses, a comunhão de sentimentos seria interessante, afinal são estas<br />

identificações que, em grande parte, constituem nossa sociedade (ibid.,<br />

p. 255).<br />

Freud termina seu escrito com uma visão bastante utópica do<br />

futuro (talvez pelo fato de o texto ter sido escrito no período<br />

entreguerras, quando existia um Zeitgeist esperançoso de que a primeira<br />

guerra mundial fosse realmente a “guerra para acabar com todas as<br />

guerras”), imprimindo, no final de seu texto, que o processo civilizatório<br />

causa modificações psíquicas notórias e desloca progressivamente a<br />

limitação das pulsões humanas para fins mais produtivos e menos<br />

pulsionais. Ainda aponta que duas características parecem ser as mais<br />

importantes nesta marcha civilizatória: o fortalecimento do intelecto<br />

(que entende estar começando a governar a vida pulsional) e a<br />

internalização dos impulsos agressivos com todas as suas consequentes<br />

vantagens e perigos (ibid., p. 258).<br />

2.13 Linguagem e Performatividade<br />

101<br />

A relação de Lacan com os estudos sobre a linguagem permeia<br />

toda sua obra e se expressa em algumas de suas ideias mais controversas<br />

em seu percurso de releitura da obra Freudiana. A linguagem se<br />

apresenta no cerne dessas releituras; ao acorrentar o inconsciente à

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