12.05.2013 Views

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

enunciado e enunciação (inconsciente) (ibid., p. 33). Ainda define outra<br />

propriedade essencial dos shifters, como: “a propriedade comum a essas<br />

formas — embreantes actanciais — é a de ter simultaneamente como<br />

referente o sujeito do enunciado e o sujeito da enunciação” (ibid., p. 29).<br />

Dor (1989) adentra a questão da subjetividade no enunciado e<br />

na enunciação, clarificando que o sujeito do enunciado propriamente<br />

dito precisa ser distinguido da participação subjetiva invocada no<br />

discurso. Esta participação traz um representante como sujeito<br />

enunciado num discurso, e aí se apresenta o sujeito da enunciação<br />

(marcado pelo inconsciente e pelo performativo) ou “locutor enquanto<br />

considerado como uma entidade subjetiva e como lugar e agente da<br />

produção de enunciados” (Dor, 1989, p. 117). Fica, assim, mais claro<br />

como o sujeito embrenhado e entremeado por essas duas instâncias se<br />

torna tanto agente ativo como passivo, uma vez que é aquele que fala<br />

mas também aquele que é instituído pela fala.<br />

A psicanálise tem como tradição reportar-se mais à função<br />

clínica do que ao social; e, portanto, é esperado que os exemplos<br />

utilizados por psicanalistas para a compreensão do enunciado e da<br />

enunciação sejam produzidos no seio desta, como relata Carvalho (2008,<br />

p. 130):<br />

Só podemos, pois, discriminar essa rede<br />

percorrendo-a. Dito de outro modo: não há<br />

distância possível entre o intérprete e a<br />

experiência da interpretação. Sendo assim, o que<br />

chamamos o sujeito da enunciação, o que<br />

encontramos nessa hiância, não pode ser<br />

integralmente transposto ao sujeito do enunciado.<br />

Reencontramos, portanto, a falha do que se<br />

apresentou inicialmente como uma hiância. Esse<br />

reencontro do sempre faltoso é o momento que<br />

conclui a temporalidade da experiência do<br />

inconsciente à qual ligamos a sucessão entre o<br />

instante do lapso e o tempo de compreender, onde<br />

emerge a interpretação que articula sujeito e saber<br />

inconsciente.<br />

O sujeito em psicanálise claramente não é pensado como um a<br />

priori da linguagem, fato distintamente relacionado à máxima lacaniana<br />

do “inconsciente estruturado como uma linguagem”. O que não fica<br />

explicitado nesta máxima é o papel temporal da enunciação no discurso:<br />

“o sujeito não é anterior em relação ao discurso. Teremos que apreendê-<br />

85

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!