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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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182<br />

ele me deixou? Revoltado. Aí o cara fica<br />

agoniado. Pô, dois ano de cadeia paga, mais a<br />

remissão, que dá mais quatro meses e pouquinho<br />

de remissão. Por que ele não me deu semiaberto?<br />

Aí foi outro pedido, e ele me deu. [...] Remorso<br />

demais aqui é que perdi minha mãe. [...] Faz 7<br />

meses agora dia 8. Percebe? O mês que a minha<br />

mãe morreu. Aí, por incrível que pareça, olha só<br />

como é que vai, olha o... se bota na minha<br />

situação, entre aspas... se bota na situação:<br />

minha mãe faleceu, eu tô com semiaberto na mesa<br />

do juiz, terceiro semiaberto. Por que que ele não<br />

me deu meu semiaberto ali na remexe pra mim<br />

poder ir no velório da minha mãe? Eu fiquei<br />

revoltado. Eu digo pra ti: pensei até em fugir,<br />

pensei até em fugir. Daí me levaro ali 4 minutinho<br />

pra eu sair de volta, 2 semana depois eu tava no<br />

semiaberto. Entende uma coisa dessa? O que que<br />

ele quis? Me obrigar a fugir! Aí eu não... preferi<br />

ficar no meu lugar.<br />

Esta passagem implica uma diferença bastante pronunciada<br />

quando comparada com casos como o de Quiron, que veria, na<br />

possibilidade da transgressão da lei, algo comum que já havia feito. Já<br />

Carlos se mantém na prisão, não faz tentativas de transgredir as regras,<br />

mesmo que a situação seja de grande sofrimento e o timing da decisão<br />

judicial bastante precarizante para seu bem-estar. Em suas palavras:<br />

Meu pensamento ali naquela hora, naquele<br />

momento, naquela situação da perda da minha<br />

mãe, eu ia fugir. Visse? Falei até pro psicólogo<br />

da casa ali, falei pra ele que eu ia fugir. Ia<br />

mermo, e ia firme mesmo. Mas daí pensei nas<br />

consequências depois, no que poderia acontecer<br />

comigo depois. Pensei em tudo, considerei.<br />

Diferentemente de outros entrevistados, Carlos não relata tipo<br />

algum de ameaça ou violência sofrida dentro da penitenciária; atribui<br />

esta relativa tranquilidade aos contatos que já tinha antes de sua prisão.<br />

Comenta também as consequências de uma possível fuga:<br />

Mesmo com o artigo que eu caí, não rola. Pra tá<br />

aqui dentro, tem um monte de preso que moravam<br />

na minha rua. Que eu morava na costeira. Tá

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