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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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dentinho abertinho, assim”. Eu disse: “que nada”.<br />

Eu comecei a tentar lembrar. “Lembra que tu<br />

trocou o chuveiro da mulher?”. “Ahhh! É aquela<br />

assim, assim”. E foi assim eu ia saber; se eu não<br />

tivesse trocado o chuveiro, eu nem sei se ia passar<br />

quando visse; se eu não tivesse trocado o chuveiro,<br />

eu nem ia saber. Porque pelo nome eu não sabia,<br />

pelo nome eu não sabia.<br />

Dylan mantém sua versão de que nunca teve contato com estas<br />

crianças e indica que possivelmente foi acusado deste crime por causa<br />

de desavenças que tinha com uma das moradoras mais antigas de sua<br />

rua. Afirma que esta pessoa não gostava do movimento de carros e de<br />

pessoas que sua loja produzia, nem de seu posicionamento em relação à<br />

sua comunidade: “falavam mal de mim pra caramba lá na<br />

administração, porque eu não era muito de me misturar, entende? Eu e<br />

minha esposa. Aí causamos uma certa antipatia”. Assim, “Dona Ana 12 ,<br />

que morava em cima, que fez a denúncia. Aí essa mulher fez com que<br />

assumisse a cabeça da Dona Ana como se eu tivesse molestado as<br />

criança. As criança não passaro por exame psicológico, e nem por<br />

exame de toque...”.<br />

A falta de um exame psicológico é fator problemático no<br />

processo, mas o exame de corpo de delito não seria realizado no caso de<br />

Dylan pelo fato de não ter havido conjunção carnal em nenhum<br />

momento, nem mesmo contato anal ou oral, impossibilitando qualquer<br />

exame. Outro dos fatos apontados por Dylan como provas de que nada<br />

poderia ter acontecido com as crianças que o acusaram é que nunca<br />

haveria atendido as mesmas em sua loja: “uma vez eu não tava na loja,<br />

e outra vez quem atendeu foi a minha funcionária. Eu nunca atendi as<br />

criança”. O intuito deste trabalho, no entanto, não é o de analisar se são<br />

ou não são procedentes as acusações realizadas contra Dylan, mas como<br />

a constituição discursiva que constrói perfaz aquilo que nomeia,<br />

moldando discursivamente a realidade de maneira que aquilo que<br />

enuncia se torna a realidade subjetiva que experimenta e que, ao que<br />

tudo indica, se passa também com aqueles que estão ao redor deste<br />

discurso.<br />

Dylan fala também sobre suas teorias acerca dos outros homens<br />

instalados em sua unidade. E, a partir da convivência e das conversas<br />

com outros homens, faz um perfil dos homens que cometem violência<br />

12 Nome modificado.<br />

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