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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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2. Um Percurso Teórico e Epistemológico<br />

2.1 Entre os Feminismos e a Psiscanálise<br />

Dado que esta pesquisa visa à compreensão do discurso<br />

produzido por sujeitos autores de violência sexual quando atendidos por<br />

instituições orientadas por políticas públicas – tendo como background<br />

teórico os estudos de gênero e os feminismos –, movo-me a explicitar o<br />

que entendo por gênero como conceito. Por meio dele, discorrerei sobre<br />

os detalhamentos e outros conceitos que se entrecruzam e sobre como<br />

são pensados na área dos feminismos. Segundo Haraway (1995, p. 29),<br />

Gênero é um campo de diferença estruturada e<br />

estruturante, no qual as tonalidades de<br />

localização extrema, do corpo intimamente<br />

pessoal e individualizado, vibram no mesmo<br />

campo com as emissões globais de alta tensão. A<br />

corporificação feminista, assim, não trata da<br />

posição fixa num corpo reificado, fêmeo ou<br />

outro, mas sim de nódulos em campos, inflexões<br />

em orientações e responsabilidade pela diferença<br />

nos campos de significado material – semiótico.<br />

Harding (1993) enfatiza três elementos de gênero relacionados<br />

de maneiras diversas: (1) uma categoria fundamental através da qual se<br />

atribui sentido a tudo; (2) uma maneira de organizar as relações sociais e<br />

(3) uma estrutura de identidade pessoal. A desagregação desses três<br />

elementos tem sido parte da busca pela compreensão da complexidade e<br />

do valor problemático da política baseada em identidades de gênero.<br />

Harding (ibidem) propõe uma visão histórica do conceito de<br />

gênero, desde sua entrada na academia e a acolhida de maneiras diversas<br />

pelas epistemologias já estruturadas. Inclusive afirma que essa é uma<br />

das maiores características do campo científico que se refere como<br />

feminista – algo como acoplar a ótica feminista a uma estrutura<br />

epistemológica já estabelecida. Aí, então, haveria diferentes intuitos: o<br />

de deixar a ciência produzida “mais completa” ao adicionar a ótica<br />

feminina ou sujeitar o conceito de patriarcado às análises e aos estudos<br />

realizados; o de argumentar que a ótica do oprimido revela mais do que<br />

a já estabelecida por esta causar, de certa maneira, uma cegueira<br />

conceitual aos problemas que não se propõe a analisar (por exemplo, as<br />

distinções de salário nas variantes de raça/gênero); e outro de cunho<br />

marxista, que explora a condição da mulher como produtora de mais<br />

valia e reprodutora de mão-de-obra, modificando a teoria original e

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