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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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64<br />

aplicação da pulsão de dominação teria, principalmente como uma<br />

instância de proteção da integridade do sujeito, compreendendo, assim,<br />

como a pulsão – animada libidinalmente e portadora de uma violência<br />

própria pelo fato do sujeito não ter controle sobre esta – é componente<br />

primal da violência.<br />

Uma idéia mais fecunda era a de que uma parte do<br />

instinto [pulsão] é desviada no sentido do mundo<br />

externo e vem à luz como um instinto [pulsão] de<br />

agressividade e destrutividade. Dessa maneira, o<br />

próprio instinto [pulsão] podia ser compelido para o<br />

serviço de Eros, no caso de o organismo destruir<br />

alguma outra coisa, inanimada ou animada, em vez<br />

de destruir o seu próprio eu (self) (id., 1930, p. 141).<br />

A relação intensa com o narcisismo, que citei acima, encontrase<br />

relacionada com a satisfação experimentada e descrita pelos sujeitos<br />

que dela fazem parte, e Freud claramente anuncia esta satisfação<br />

libidinal no seguinte trecho:<br />

Contudo, mesmo onde ele surge sem qualquer<br />

intuito sexual, na mais cega fúria de destrutividade,<br />

não podemos deixar de reconhecer que a satisfação<br />

do instinto [pulsão] se faz acompanhar por um grau<br />

extraordinariamente alto de fruição narcísica,<br />

devido ao fato de presentear o ego com a realização<br />

de antigos desejos de onipotência deste último<br />

(ibid., p. 144).<br />

A sociedade civilizada tal como a conhecemos não seria<br />

possível se todo sujeito apenas realizasse seus desejos de onipotência,<br />

sendo necessária uma instância de controle e redução desta natureza<br />

destrutiva que Freud entende como natural do homem. É por isso que,<br />

quando pensa a guerra, Freud naturalmente a coloca em contraposição à<br />

paz e à civilização, pois a libertação destas tensões existentes em cada<br />

sujeito da sociedade só faz com que haja a nulificação de todo trabalho<br />

civilizatório até então. Aqui interessa a passagem em que Freud fala<br />

que, ao fim da guerra, também desaparecem as neuroses de guerra, pois,<br />

assim, é possível entender como este estado de libertação completa das<br />

rédeas civilizatórias também é danoso para o sujeito, mesmo que seja<br />

completamente reversível. Ou seja, Eros também está presente; não<br />

existe pura pulsão de morte, nem pura pulsão de vida em nossa vida

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