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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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várias leituras, ter uma ideia do que ocorre em sua vida entre a<br />

juventude no campo e a vinda para o litoral de Santa Catarina. Porém,<br />

alguns pontos interessantes sobre o que Esaú considera masculinidade<br />

novamente aparecem quando fala de um trabalho anterior: “eu fui dono<br />

de boate, fui dono de duas boate, eu tinhas 32 mulher no meu poder”.<br />

Por boates, Esaú chama duas casas de prostituição da qual era dono;<br />

nada mais fala na entrevista, mesmo quando perguntado, sobre estas<br />

casas. Apenas as utiliza para demonstrar que não teria motivos para<br />

recorrer a um estupro, pois, mesmo em outras situações de sua vida,<br />

quanto tinha mulheres em seu “poder”, não fez isso. Quando pergunto<br />

se nesse momento em que era dono destas casas teve alguma relação<br />

sexual com menores de idade, replica que não, mas enfatiza o fato de<br />

que não o fez por serem menores, deixando em aberto sua relação com<br />

as mulheres que tinha em seu negócio.<br />

Outro ponto que aparece nesse trecho é o trabalho. Esaú fala de<br />

seu trabalho anterior ao aprisionamento como “trabalho, trabalho com<br />

prefeitura, né? Com pedra, corte de pedra com a prefeitura. No oeste.<br />

Apartamento, faço pedra de muro, então trabalho muito com as<br />

prefeitura. No oeste. Aí eu... tem trabalhar pra lá, arrumar um dinheiro<br />

pra lá, pra ajudar eles; na verdade pra ajudar eles”. Novamente, ao<br />

falar de trabalho, há uma matização de que esse se faz pelo prover,<br />

sempre pensando no bem da família, na melhoria de suas condições de<br />

vida. Esse traço de que haja ordem na família e no que faz é outro ponto<br />

que Esaú toca várias vezes durante a entrevista, afirmando que sempre<br />

foi assim desde criança, que “eu gosto das coisas tudo certa”.<br />

Quando perguntado se havia sido atendido em algum programa<br />

ou por psicólogos, respondeu que apenas na própria penitenciária<br />

recebeu algum atendimento deste tipo, o que novamente aponta a<br />

deficiência do sistema brasileiro, que, diferentemente de outros lugares<br />

do mundo (O’Byrne et al, 2006), não tem programas estabelecidos para<br />

o atendimento de criminosos sexuais, contando apenas com psicólogos<br />

in loco em um papel generalista.<br />

No tocante às acusações pelas quais foi encarcerado, a própria<br />

fala de Esaú é um tanto desconexa. Em certo ponto, relata: “eu fiz uma<br />

coisa, eles me botaram outra, né? Nessa cadeia, né? É isso aí. E me<br />

arrumaram mais um BO ainda, me arrumaro mais onze ano de cadeia.<br />

Uma coisa que também não tem nada a ver com a outra”. Aqui, deixa<br />

claro que não assume do que foi acusado em nenhum dos dois crimes.<br />

Peço que me explique melhor as condições que levaram ao seu<br />

aprisionamento, ao que responde que foi preso ao voltar de uma viagem

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