UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC
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Ferenczi de identificação ao agressor e de violência iniciadora da<br />
sexualidade adulta (Costa, 1985, p. 18).<br />
Outra concepção fundante dessa hipótese sobre a violência é a<br />
de que ela se cria pelo fato de a criança ter de dar conta de exteriorizar<br />
ou introjetar uma excitação sexual que seu aparelho psíquico não é<br />
capaz ainda de realizar. Porém, novamente caímos na armadilha de<br />
banalizar a violência através de um conceito que a tudo engloba. Evitar<br />
esta generalização necessita de um olhar objetivo que consiga entender a<br />
constituição do sujeito na linguagem – um fato que ocorre com todos os<br />
falantes e que nem por isso produz em todos uma violência<br />
descontrolada. Mesmo que a violência ocorra neste caso, ela não dá o<br />
tom da vida do sujeito, nem o torna essencialmente violento.<br />
Porém, se formos ainda mais às origens, podemos dizer que já<br />
em Aristóteles se encontra a explicação da noção da violência como<br />
fundante do sujeito pelo seu conceito de “violência como a qualidade do<br />
movimento que impede as coisas de seguirem o seu movimento natural”<br />
(apud Costa, 1985). Claramente, essa posição é contrária à psicanálise,<br />
que sempre entende o psiquismo e sua formação como um processo<br />
inerentemente cultural. Não há psiquismo sem o outro, sem a<br />
linguagem, sem pulsão ou sexualidade.<br />
Em 1920, com “Além do princípio do prazer”, Freud estabelece<br />
a pulsão de morte como outro fator importante da vida psíquica,<br />
reordenando a antiga vida pulsional e colocando a destruição do sujeito<br />
e do objeto em primeiro plano. Portanto, juntamente com a sexualidade,<br />
a destruição agora passa a ser considerada um dos elementos primordiais<br />
da vida psíquica e social do homem (Costa, 1985, p. 29). Ora, se a<br />
destruição está vinculada à pulsão, e a pulsão vinculada ao desejo (este<br />
que não existe como puramente inconsciente), então a<br />
violência/destruição só pode estar na vida chamada “racional” do<br />
homem, topologicamente situada no consciente da primeira tópica.<br />
Mesmo que seja assim entendida, a violência tem uma relação<br />
inextricável com a pulsão, portanto não é apenas situada na consciência,<br />
mas tem um fator inconsciente e pulsional que também é de grande<br />
importância, como afirmado no texto de 1932 de Freud, “Por que a<br />
guerra?” (ibid., p. 253). Freud estabelece também algumas relações<br />
entre os impulsos de destruição com motivos morais (racionais) que se<br />
coadunam com a pulsão de destruição, considerada constitucional do ser<br />
humano. Essa leitura não parece ser levada à frente por Lacan ou por<br />
teóricos posteriores a Freud, vide toda a crítica ao essencialismo<br />
presente na literatura contemporânea, porém podemos entendê-la como<br />
sendo constitutiva e constituinte do sujeito e, assim, compreender