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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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76<br />

Ferenczi de identificação ao agressor e de violência iniciadora da<br />

sexualidade adulta (Costa, 1985, p. 18).<br />

Outra concepção fundante dessa hipótese sobre a violência é a<br />

de que ela se cria pelo fato de a criança ter de dar conta de exteriorizar<br />

ou introjetar uma excitação sexual que seu aparelho psíquico não é<br />

capaz ainda de realizar. Porém, novamente caímos na armadilha de<br />

banalizar a violência através de um conceito que a tudo engloba. Evitar<br />

esta generalização necessita de um olhar objetivo que consiga entender a<br />

constituição do sujeito na linguagem – um fato que ocorre com todos os<br />

falantes e que nem por isso produz em todos uma violência<br />

descontrolada. Mesmo que a violência ocorra neste caso, ela não dá o<br />

tom da vida do sujeito, nem o torna essencialmente violento.<br />

Porém, se formos ainda mais às origens, podemos dizer que já<br />

em Aristóteles se encontra a explicação da noção da violência como<br />

fundante do sujeito pelo seu conceito de “violência como a qualidade do<br />

movimento que impede as coisas de seguirem o seu movimento natural”<br />

(apud Costa, 1985). Claramente, essa posição é contrária à psicanálise,<br />

que sempre entende o psiquismo e sua formação como um processo<br />

inerentemente cultural. Não há psiquismo sem o outro, sem a<br />

linguagem, sem pulsão ou sexualidade.<br />

Em 1920, com “Além do princípio do prazer”, Freud estabelece<br />

a pulsão de morte como outro fator importante da vida psíquica,<br />

reordenando a antiga vida pulsional e colocando a destruição do sujeito<br />

e do objeto em primeiro plano. Portanto, juntamente com a sexualidade,<br />

a destruição agora passa a ser considerada um dos elementos primordiais<br />

da vida psíquica e social do homem (Costa, 1985, p. 29). Ora, se a<br />

destruição está vinculada à pulsão, e a pulsão vinculada ao desejo (este<br />

que não existe como puramente inconsciente), então a<br />

violência/destruição só pode estar na vida chamada “racional” do<br />

homem, topologicamente situada no consciente da primeira tópica.<br />

Mesmo que seja assim entendida, a violência tem uma relação<br />

inextricável com a pulsão, portanto não é apenas situada na consciência,<br />

mas tem um fator inconsciente e pulsional que também é de grande<br />

importância, como afirmado no texto de 1932 de Freud, “Por que a<br />

guerra?” (ibid., p. 253). Freud estabelece também algumas relações<br />

entre os impulsos de destruição com motivos morais (racionais) que se<br />

coadunam com a pulsão de destruição, considerada constitucional do ser<br />

humano. Essa leitura não parece ser levada à frente por Lacan ou por<br />

teóricos posteriores a Freud, vide toda a crítica ao essencialismo<br />

presente na literatura contemporânea, porém podemos entendê-la como<br />

sendo constitutiva e constituinte do sujeito e, assim, compreender

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