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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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5. Considerações Finais<br />

O estupro e a violência sexual sempre existiram na história das<br />

culturas humanas. Desde os primeiros passos dados pelas civilizações<br />

humanas, estas violências já eram perpetradas e relatadas. O estupro e a<br />

violência sexual estão presentes já nos primeiros códigos legislativos<br />

criados pela raça humana. O Código de Hammurabi, escrito em 1780<br />

A.C. pelos babilônicos, declarava que uma virgem era inocente se fosse<br />

estuprada e que seu agressor deveria ser executado. Entretanto, mulheres<br />

casadas que fossem estupradas eram consideradas culpadas de adultério<br />

e poderiam ser executadas juntamente com seus agressores.<br />

Entre 1650 e 1500 A.C., o Código de Nesilim é escrito. Este<br />

código de lei Hitita incluía uma cláusula concernente ao estupro de<br />

acordo com a qual uma mulher estuprada dentro da própria casa poderia<br />

ser executada. Já o Código de Assura, um código Assírio de 1075 A.C.,<br />

permitia ao marido matar ou puir sua mulher se esta fosse estuprada.<br />

Todos estes códigos são anteriores à chamada Idade das Trevas<br />

Grega, período que se inicia por volta de 1200 A.C. e se prolonga até<br />

800 A.C. A partir de 800 A.C., inicia-se o período em que a civilização<br />

grega clássica emerge. É neste momento histórico que grande parte da<br />

mitologia grega vem à tona. E estes mitos também narram estupros.<br />

Nos mitos, encontramos relatos de estupros cometidos por<br />

deuses contra outros deuses, assim como estupros cometidos por deuses<br />

contra mulheres humanas, preferencialmente na forma de um deus<br />

potente e uma jovem garota virgem (Smith, 2004). Smith (ibidem, p.<br />

166) argumenta que com frequência o estupro na época clássica pode ser<br />

explicado como uma assertividade de masculinidade. Em situações de<br />

estupro, as mulheres (ou jovens homens, como ocorrem em algumas<br />

narrativas) são degradadas e tidas como criaturas sem poder algum<br />

frente a uma força maior, representada pela figura de um agressor<br />

homem. Tanto nos relatos gregos quanto nos romanos, o estupro se<br />

apresenta como uma imposição de uma desigualdade de poder. Através<br />

dos séculos, o estupro não figurou apenas como crime, mas atingiu<br />

diretamente as vidas de mulheres e de homens e afetou o<br />

desenvolvimento de diversas culturas ao redor de todo o mundo.<br />

Mulheres foram sequestradas e casadas à força, tomadas como espólios<br />

de guerra, escravizadas e estupradas em massa como forma de genocídio<br />

racial (Nahoum-Grappe, 2004).<br />

Sendo que o código romano é considerado o precursor dos<br />

códigos atuais, é importante considerar a herança cultural que estas<br />

civilizações antigas e clássicas deixaram, assim como é importante

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