12.05.2013 Views

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

135<br />

A masculinidade, portanto, continua sendo um atributo muito<br />

importante para Tarso; e, quando perguntado sobre o que acha que<br />

significa ser homem, tem dificuldades em responder. Após algum tempo<br />

pensando, finalmente responde: “acho que é ser homem mesmo, é viver<br />

bem, viver tudo com as pessoa, ter uma boa conduta, acho que é isso<br />

aí”. Novamente o discurso de Tarso é atravessado pela Lei – não apenas<br />

a lei constitucional, mas a lei que o implica como sujeito instituído na<br />

sociedade. Talvez mesmo por estar dentro de uma instituição total que a<br />

compreensão acerca do escopo da internalização da lei fique clara para<br />

Tarso; e tal entendimento o faz pautar inclusive aquilo que entende<br />

diretamente como sua identidade sexual pelo controle, ou seja, ter boa<br />

conduta.<br />

Outra experiência que Tarso considera importante e que ocupa<br />

grande parte de suas falas durante a entrevista é a paternidade. E, se<br />

entendermos a família como tendo tamanha importância para Tarso, fica<br />

claro que este lugar também é onde se constituem as suas<br />

performatividades. Há pesquisas (Stacey, 1996; Dunne, 2001 apud Mac<br />

an Ghail & Haywood, 2003) que afirmam que este tema é um bom<br />

exemplo de mudança e de construção social envolvida com o gênero e<br />

exemplifica a constituição processual, performática e atuante da<br />

masculinidade, desconstruída como algo inerente ao sexo e possessão<br />

individual e inata.<br />

No que concerne à paternidade, Tarso ainda relata uma situação<br />

em sua vida referente à relação com uma de suas filhas:<br />

(...) passei muito sofrimento por essa minha filha,<br />

eu e minha mulher. Teve muito com ela, porque<br />

eu acho que ela tinha uns 12 ano, por aí, ela<br />

começou a sair de casa. Saía, chegava de<br />

madrugada, a gente não sabia pra que lado<br />

andava. Nós sofremo muito por causa disso.<br />

Grupo de ajuda do Conselho Tutelar, não<br />

consegui. Fui pra delegacia pra ver se me<br />

ajudavo, não me ajudaro.<br />

O que se revela de interessante nesta situação é a tentativa falha<br />

de utilização dos aparelhos de Estado por parte de Tarso para resolver os<br />

problemas com sua filha, novamente demonstrando como a paternidade<br />

é uma parte importante da constituição performativa de sua<br />

masculinidade.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!