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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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difícil. [...] Porque é difícil de conviver, pouco, o cara só tem que puxar<br />

seguro, não pode puxar em outro lugar, tem que tá no seguro”. Além<br />

disso, ainda relata uma situação comum na penitenciária onde foi<br />

realizada a pesquisa: os presos por crimes sexuais geralmente têm<br />

acesso a regalias em suas penas principalmente pelo bom<br />

comportamento apresentado durante o curso da pena participando de<br />

trabalhos internos à penitenciária, como a cozinha, lavanderia ou<br />

serviços gerais. Estes trabalhos produzem renda para estes sujeitos, de<br />

maneira que, segundo a narrativa de Tarso, “às vezes tem que pagar o<br />

rango pra eles, regalia sempre é, sabe, quase tudo é regalia. Não<br />

interessa o crime, sempre tem ameaça”.<br />

Sobre o crime pelo qual foi condenado, Tarso fala pouco,<br />

citando que não teve acesso algum ao seu processo e, portanto, não sabe<br />

de detalhes da acusação, apenas do artigo pelo qual foi condenado e sua<br />

pena. Perguntado sobre as informações disponíveis a seus familiares<br />

sobre o processo, responde que estes também não têm acesso algum a<br />

estas informações.<br />

A relação que Tarso mantinha com seu locatário é colocada<br />

como central para sua acusação:<br />

O seguinte, óia, o cara foi até... o começo foi<br />

assim, ó, nosso guri trabalhava com esse cara, já<br />

uns oito meses, daí tava fazendo isso aí,<br />

trabalhava, trabalhava na casa, daí meus menino<br />

pediram pra sair, já tava devendo oito mil pros<br />

meus guri. Daí os guri pediram pra sair, ele ficou<br />

muito indignado. Daí ele pediu pra eu sair da<br />

casa, eu morava na casinha dele lá. Daí eu falei:<br />

“não, não vou sair, tem que no próximo mês<br />

acertar com os guri pros guri saí, né?”. Pegou a<br />

guria, daí ele disse assim: “não, vocês vão sair<br />

hoje mesmo”. Daí não saí aquele dia, mas saí<br />

acho que uns dois dias depois. Pegaram nossa<br />

acusação lá, aí já saiu preso. A família já teve que<br />

sair na hora, porque não tinha com ficar lá. Foi<br />

assim que aconteceu.<br />

Segundo o entrevistado, a acusação pela qual se encontra<br />

aprisionado tem origem em um conflito de outra ordem que não a da<br />

própria violência sexual, tendo sido fruto de estratégias na resolução de<br />

desentendimentos em torno do pagamento e da habitação da casa.

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