UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
121<br />
análise, sua violência foi justificada. Essa direção dúplice encontrada em<br />
Esaú é bastante correlata com as teorizações sobre a violência doméstica<br />
encontradas na literatura feminista, sendo pensada como a manutenção<br />
da dominação masculina na esfera doméstica (Aguado, 2005, p. 31).<br />
A vivência de Esaú na prisão, onde ingressou com 46 anos, é<br />
marcada pelo medo de retaliação de outros presos. Mesmo afirmando<br />
que nunca aconteceu nenhuma violência contra ele dentro da<br />
penitenciária, revela que é necessário precaução: “só no cubículo aí<br />
dentro, no convívio aqui dentro, né? Sabe como é que é, né? Tem que tá<br />
no seguro. A gente tem que tá no seguro, né?” – significando que não<br />
pode conviver com outros presos que não estejam encarcerados pelos<br />
mesmos artigos que está.<br />
Concluindo, o caso de Esaú apresenta vários paradoxos em seu<br />
discurso, assim como vários temas relacionados à constituição das<br />
masculinidades que são reveladores da construção social da mesma e do<br />
esforço do sujeito pela manutenção de um status quo frente às mudanças<br />
sociais que enxerga. O caso também revela as idiossincrasias do sistema<br />
judiciário brasileiro e como a violência doméstica ainda é pensada como<br />
justificada dentro de nossa sociedade.