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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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heterossexual a qual, de certa maneira, imprime aos homens um script<br />

dentro da violência sexual que impõe certos guias ao uso de seus corpos,<br />

assim como no Estado são criadas categorias que replicam este script<br />

(Marcus, 1992). Estes guias são o que encontramos na medida que se<br />

investigam os discursos proferidos pelos sujeitos da pesquisa. Temos ao<br />

mesmo tempo produções subjetivas – sempre encaixadas em moldes<br />

socias que se encontram completamente aglutinados – e marcações<br />

ferozmente embasadas em concepções eminentemente sociais.<br />

Efetivamente é impossível dissociar o social do subjetivo, e as divisões<br />

didáticas entre ambas as esferas acaba por ser posta à prova pelos<br />

próprios sujeitos.<br />

Nossa irrupção em uma linguagem preexistente, tanto tratada<br />

nas teorias feministas como pós-estruturalistas, e, assim, nosso<br />

acoplamento como sujeitos a um conjunto social estabelecido de<br />

significados nos posicionam ante a este script, mas não necessariamente<br />

determinam nosso ser de maneira exaustiva. O script do ataque sexual<br />

contém instâncias da violação, mas nem o ato violatório nem o script<br />

procedem de identidades imutáveis de violador e violada, tampouco as<br />

criam (Marcus, 1992).<br />

Alguns autores, como Kimmell (1997), trabalham com a ideia<br />

de um modelo de masculinidade idealizado e hegemônico, o qual muitos<br />

homens buscam alcançar. Este seria um modelo de masculinidade que,<br />

segundo Kimmell (1997), corresponderia ao homem branco, ocidental,<br />

de classe dominante, provedor, heterossexual, forte e viril. A partir<br />

destes autores, pode-se inferir que a disseminação deste modelo<br />

idealizado em comerciais, bonecos de brinquedo, filmes e desenhos<br />

poderia reforçar o modelo normativo, que passa a ser buscado por<br />

muitos jovens.<br />

Este autor define como masculinidades as configurações de<br />

práticas sociais que se referem aos corpos masculinos, seja de modo<br />

direto ou simbolicamente (Connell, 1995, p. 29), estando relacionadas<br />

tanto com a ordem simbólica e institucional da sociedade quanto com os<br />

aspectos individuais da personalidade dos sujeitos que nelas se inserem.<br />

Tal ordem de gênero pressupõe não apenas relações de sujeitos<br />

masculinos com sujeitos femininos, mas também relações de sujeitos<br />

masculinos entre si, o que implica a ideia de “múltiplas masculinidades”<br />

(Connell, 1997), hierarquizadas a partir de relações de poder, no centro<br />

das quais existiria uma “masculinidade hegemônica”, caracterizada por<br />

um conjunto de práticas e de valores cuja função seria a de garantir “a<br />

posição dominante dos homens e a subordinação das mulheres”<br />

(Connell, 1995). Segundo Connell (ibid., p. 77), “isto não é dizer que os<br />

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