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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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mais se manifeste de uma maneira intrusiva na vida do sujeito, é preciso<br />

que seja mantido, como no sonho, à margem pelo simbólico” (ibid., p.<br />

183). O simbólico marca a entrada do sujeito na cultura, enquanto o real<br />

toma uma dimensão de inapreensibilidade – “do real não se pode ter<br />

uma apreensão direta, pois a dimensão simbólica recobre o real,<br />

enquanto o situa” (ibid., p. 184). Tendo em vista estas definições,<br />

ressalto ainda a diferenciação que a teoria psicanalítica faz em seu<br />

conceito de corpo:<br />

(...) na esteira de Freud, o corpo ao qual ele se<br />

refere não é o corpo biológico. O corpo para<br />

Lacan é o corpo marcado pelo significante e<br />

habitado pela libido, corpo erógeno e singular.<br />

Corpo de desejo e, portanto, de gozo, dimensões<br />

que certamente contribuem para repensar a<br />

problemática do corpo em Psicanálise à luz da<br />

nova perspectiva da linguagem (Cukiert &<br />

Priszkulnik, 2002, p. 143).<br />

O paradoxo da subjetivação (assujettisement) é precisamente<br />

que o sujeito que iria resistir a tais normas é ele mesmo ativado, se não<br />

produzido, por tais normas. Butler entende que “as estruturas jurídicas<br />

da linguagem e da política constituem o campo contemporâneo do<br />

poder; conseqüentemente não há posição fora desse campo” (Butler,<br />

2003, p. 22), tendo o feminismo como tarefa formular, dentro desta<br />

estrutura constituída, uma crítica às categorias de identidade que são<br />

engendradas, naturalizadas e imobilizadas (como as próprias<br />

masculinidades violentas o são). Desafia, então, o feminismo a formar<br />

sujeitos que não necessitem de sua identidade como fundamento<br />

político, chegando a ponto de afirmar que “talvez, paradoxalmente, a<br />

idéia de representação só venha realmente a fazer sentido para o<br />

feminismo quando o sujeito mulheres não for presumido em parte<br />

alguma” (Butler, 2003, p. 24).<br />

Além disso, esta lacuna que se estende entre pesquisa e políticas<br />

públicas esbarra em ainda outro problema: o da representação. Como já<br />

indicado acima nas declarações reiteradas por diversos pesquisadores,<br />

existe uma grande dificuldade de se transformarem dados de pesquisa<br />

em políticas públicas efetivas, mesmo que estas pesquisas visem<br />

exatamente a realizar uma avaliação e proposição de novas alternativas<br />

mais sensatas para os problemas encontrados na implementação e<br />

manutenção de políticas públicas. O movimento feminista tem – desde a<br />

sua chamada “segunda onda” – primado pelo ativismo político como o<br />

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