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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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cenário, outras teorias ainda se fazem necessárias para explicar outros<br />

fatores. Para tanto, lanço mão do feminismo e da teoria queer.<br />

2.6 Pulsão Parcial<br />

No seminário “Os quatro conceitos fundamentais da<br />

psicanálise” (Vol. 11), no capítulo sobre a desmontagem da pulsão,<br />

Jacques Lacan remete-se a Freud para falar do aspecto diferencial do<br />

termo dos quatro componentes da pulsão (Trieb): fonte (Quelle),<br />

impulso (Drang), objeto (Objekt) e alvo (Ziel). Afirma que Freud dá à<br />

noção de impulso um caráter de excitação (Reiz), mas que, diferente da<br />

estimulação proveniente do mundo exterior, se trata de uma excitação<br />

interna, diferenciada da necessidade (como a fome, a sede ou o sono)<br />

(ibid., p. 154). Ao longo do capítulo, faz uma análise de todos estes<br />

componentes fundamentais da pulsão, sendo que o impulso é<br />

identificado pura e simplesmente com a descarga, “a saber, a<br />

transmissão da parte admitida, ao nível do estímulo, do suplemento, de<br />

energia, a famosa quantidade Qn do Entwurf” (Lacan, 1985, p. 155).<br />

Neste desmonte da pulsão, Lacan também indica algumas das<br />

características básicas da pulsão, como o fato de que a pulsão é uma<br />

força constante, mesmo que admita variações de intensidade. Na pulsão,<br />

“não se trata de modo algum de energia cinética, não se trata de algo que<br />

vai se regrar pelo movimento. A descarga é de natureza completamente<br />

diferente” (Lacan, 1985, p. 157). Outra destas características é a relação<br />

da pulsão com seu alvo: ela nunca o atinge, é inibida neste ponto,<br />

inclusive por uma impossibilidade de efetivamente englobar por<br />

completo o objeto; a satisfação da pulsão se dá muito mais pelo<br />

contorno, pela passagem pelo limite do alvo, do que por sua absorção ou<br />

atravessamento.<br />

A fonte, ou Quelle, é também entendida como a borda, borda<br />

erógena do corpo. Esta borda não é necessariamente qualquer parte<br />

específica do corpo, como a boca ou o ânus, mas qualquer parte<br />

erotizável do corpo, a qual pode ser atravessada pela pulsão e, assim,<br />

funcionar como limite entre o corpo e o objeto (Lacan, 1985, p. 159).<br />

O alvo, ou Ziel, é basicamente a rota tomada pela pulsão ao<br />

contornar o objeto. Utiliza-se o inglês aim (mira) para metaforizar esta<br />

rota, pois o objeto (Objekt) da pulsão é efetivamente o objeto de<br />

interesse, o objeto sendo investido pelo sujeito. Porém, este objeto,<br />

como antes explicado, nunca é realmente atingido, em nenhuma situação<br />

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