UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC
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sexual: “só solidão. A maioria deles são solitários. A maioria deles teve<br />
casamentos ruins. Isso é um perfil que pra mim é indiscutível mesmo.<br />
Entende? São pessoas solitárias, mesmo”. As observações de Dylan não<br />
são compartilhadas com o corpus de pesquisa sobre estupro (Pardue &<br />
Arrigo, 2007; Hodgson & Kelley, 2002), que, em geral, aponta para um<br />
perfil de estupradores diferenciado, utilizando de categorizações que os<br />
definem pelo tipo de estupro que cometem, além de reportar que<br />
estupradores, em geral, não participam de relacionamentos íntimos com<br />
frequência. Dois comentários são necessários para clarificar essa<br />
afirmação: primeiro é que a grande maioria das pesquisas sobre estupro<br />
é realizada em países anglo-saxões por questões históricas (como o<br />
grande desenvolvimento do movimento feminista de segunda onda); e,<br />
segundo, os dados trazidos por Dylan também podem ser<br />
compreendidos à luz destes mesmos estudos como condizentes, afinal<br />
um casamento não indica necessariamente um relacionamento íntimo.<br />
Ao final da entrevista, Dylan pede para falar um pouco mais<br />
sobre as situações vividas dentro do encarceramento e sobre os sujeitos<br />
com quem convive, e acredito que suas palavras sejam interessantes e<br />
pertinentes a todos que trabalham neste campo:<br />
Esse pessoal que tem esse tipo de crime tem que ter<br />
um atendimento psicológico diferenciado, cara, mas<br />
um atendimento, não é esse negócio de jogar numa<br />
cela e deixar lá dentro. Só que normalmente eles<br />
são abandonado pela família, que já não foi o meu<br />
caso. Sozinho não tem família pra ir, certo? Tem<br />
que ter esse tipo de... de... de... não decorrer...<br />
mexer nele muito com isso. Normalmente quem faz<br />
esse tipo de coisa, eles têm uma certa relutância de<br />
falar sobre o assunto, entendesse?