UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC
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Sobre estas violências e provações sofridas no cárcere, Marques<br />
Junior (2007, p. 103) relata a fala de um juiz:<br />
“Juiz A”, que também atuou em execução penal,<br />
afirmou que se procura separar o estuprador dos<br />
outros presos. “Eles ficam nas celas de seguro<br />
porque as administrações carcerárias sabem que<br />
agressão, violência e atentado violento ao pudor<br />
são práticas recorrentes”.<br />
Também comenta a privação dos banhos de sol e a constante<br />
possibilidade de violência vivida pelos sujeitos apenados por crimes<br />
sexuais:<br />
“Juiz E” entende que o isolamento e as violências<br />
no cárcere são uma “sobrepena” imposta ao<br />
indivíduo. Além dessas práticas que atingem os<br />
direitos dos presos, “Promotor H” afirma que<br />
quando o preso está nessa situação, fica sem<br />
possibilidade de banhos de sol (idem, p. 104).<br />
Essa separação não foi executada no caso de Quiron e é<br />
reconhecido que sofreria agressões. Ademais, o fato de ter sido alocado<br />
para a “casa velha” colocou-o em contato direto com o marido de sua<br />
segunda vítima:<br />
É, ele... eu cheguei aqui, eu não sabia que era a<br />
mulher dele. Ele pegou, me ameaçou: “é, sabe o<br />
que fizesse né?”. Aí eu bem assim: “não, por<br />
quê? O que que eu fiz?”. “É, estrupasse minha<br />
mulher no morro do Avaí, era minha mulher”. Aí<br />
eu disse: “é, mas, antes de eu estrupar, tu tá<br />
ligado que eu andava lá comendo ela direto”. “É!<br />
Que tu tava comendo minha mulher o quê?”. Eu<br />
disse: “não, tua mulher que te deu o galho<br />
primeiro... Que a coisa que eu estrupei ela e<br />
agora tô pagando”. Daí ele foi nos preso e disse:<br />
“olha, duzentas grama de maconha pra vocês,<br />
pra vocês, pra vocês catá ele”. Aí eu fui pro mato.<br />
Aí, como eu conhecia o povo aqui dentro, aqui:<br />
“ah, não, não vamo batê no gurizão, não.<br />
Estuprou, não estuprou, probrema é dele”. Aí,