12.05.2013 Views

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

159<br />

Sobre estas violências e provações sofridas no cárcere, Marques<br />

Junior (2007, p. 103) relata a fala de um juiz:<br />

“Juiz A”, que também atuou em execução penal,<br />

afirmou que se procura separar o estuprador dos<br />

outros presos. “Eles ficam nas celas de seguro<br />

porque as administrações carcerárias sabem que<br />

agressão, violência e atentado violento ao pudor<br />

são práticas recorrentes”.<br />

Também comenta a privação dos banhos de sol e a constante<br />

possibilidade de violência vivida pelos sujeitos apenados por crimes<br />

sexuais:<br />

“Juiz E” entende que o isolamento e as violências<br />

no cárcere são uma “sobrepena” imposta ao<br />

indivíduo. Além dessas práticas que atingem os<br />

direitos dos presos, “Promotor H” afirma que<br />

quando o preso está nessa situação, fica sem<br />

possibilidade de banhos de sol (idem, p. 104).<br />

Essa separação não foi executada no caso de Quiron e é<br />

reconhecido que sofreria agressões. Ademais, o fato de ter sido alocado<br />

para a “casa velha” colocou-o em contato direto com o marido de sua<br />

segunda vítima:<br />

É, ele... eu cheguei aqui, eu não sabia que era a<br />

mulher dele. Ele pegou, me ameaçou: “é, sabe o<br />

que fizesse né?”. Aí eu bem assim: “não, por<br />

quê? O que que eu fiz?”. “É, estrupasse minha<br />

mulher no morro do Avaí, era minha mulher”. Aí<br />

eu disse: “é, mas, antes de eu estrupar, tu tá<br />

ligado que eu andava lá comendo ela direto”. “É!<br />

Que tu tava comendo minha mulher o quê?”. Eu<br />

disse: “não, tua mulher que te deu o galho<br />

primeiro... Que a coisa que eu estrupei ela e<br />

agora tô pagando”. Daí ele foi nos preso e disse:<br />

“olha, duzentas grama de maconha pra vocês,<br />

pra vocês, pra vocês catá ele”. Aí eu fui pro mato.<br />

Aí, como eu conhecia o povo aqui dentro, aqui:<br />

“ah, não, não vamo batê no gurizão, não.<br />

Estuprou, não estuprou, probrema é dele”. Aí,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!