12.05.2013 Views

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

34<br />

fato de o gênero (não necessariamente a mulher) nem sempre se<br />

constituir de maneira coerente ou consistente em diferentes contextos<br />

históricos e sociais, além de sempre haver o estabelecimento de interrelações<br />

“entre gênero e modalidades raciais, classistas, étnicas, sexuais<br />

e regionais de identidades discursivamente constituídas” (Butler, 2003,<br />

p. 20). Butler argumenta que o discurso de identidade de gênero é<br />

intrínseco às ficções de coerência heterossexual e que o feminismo<br />

precisa aprender a produzir uma legitimidade narrativa para todo um<br />

conjunto de gêneros não coerentes.<br />

Através de Foucault, Butler não pensa a fixidez do corpo como<br />

totalmente material, mas se refere a uma materialidade repensada como<br />

efeito do poder. O “sexo” seria, então, aquilo que torna viável e que<br />

qualifica um corpo para a vida dentro de um domínio cultural de<br />

inteligibilidade: “o sujeito é constituído através da força de exclusão e<br />

abjeção, uma que produz um exterior constitutivo ao sujeito, um exterior<br />

abjeto, que está, afinal, ‘dentro’ do sujeito como seu próprio repúdio<br />

fundante” (Butler, 1993, p. 3).<br />

Aqui aponto novamente como a teorização do registro do<br />

Simbólico pode ajudar-nos a compreender a questão da sociedade e suas<br />

influências sobre o sujeito:<br />

O simbólico faz do homem um animal ("falasser")<br />

fundamentalmente regido, subvertido pela<br />

linguagem, o que determina as formas de seu<br />

vínculo social e principalmente suas escolhas<br />

sexuadas. Fala-se, de preferência, de uma ordem<br />

simbólica, no sentido da psicanálise ter logo<br />

reconhecido sua primazia na instalação, por um<br />

lado, do jogo dos significantes condicionantes do<br />

sintoma e, por outro, como a verdadeira mola do<br />

complexo de Édipo, com suas conseqüências na<br />

vida afetiva; por fim, reconheceu-se seu princípio<br />

como o que organiza, de forma subjacente, as<br />

formas predominantes do imaginário (efeitos de<br />

competição, de prestância, de agressão e de<br />

sedução) (Chemama, 1995, p. 199).<br />

O Real do corpo deve também ser pensado nessas imbricações.<br />

O real é definido como “o impossível, o real é aquilo que não pode ser<br />

simbolizado totalmente na palavra ou na escrita e, por conseqüência, não<br />

cessa de não se escrever” (Chemama, 1995, p. 182), e está<br />

intrinsecamente em relação com o Simbólico, pois, “para que o real não

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!