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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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desigualdades e, sem dúvida, embasam os significantes que circulam<br />

socialmente em relação aos crimes dentro de relacionamentos:<br />

Ese lastre histórico y conceptual ha impedido por<br />

siglos generar figuras penales que reconozcan,<br />

hagan visible y apliquen pena a los delitos de<br />

violencia contra las mujeres, sobre todo en el<br />

espacio “doméstico”. Debido también al peso de<br />

la tradición y de “las buenas costumbres” tales<br />

delitos no suelen denunciarse o, si se los denuncia,<br />

pasan a formar parte del gran conjunto de los<br />

“delitos menores” hasta que llegan a los titulares<br />

de los periódicos bajo el rubro distorsionado del<br />

“asesinato pasional” (id., ibid., p. 53).<br />

Ato contínuo, Quiron sai de sua casa após os eventos relatados<br />

acima e se coloca a andar pela rua, onde “cruzei uma guria de rua, ah,<br />

fui pro mato transá com ela. Daí, lá no mesmo lugar, cabei comendo ela<br />

à força e matei ela”. Os estupros cometidos pelo sujeito são<br />

caracterizados pelo uso intenso de violência, em especial com as<br />

próprias mãos, o que difere sobremaneira dos outros crimes que<br />

cometeu, que figuram o uso característico de armas de fogo, tanto para<br />

assassinatos quanto para roubos. Esta violência está intimamente ligada<br />

com o que se passava com o sujeito no momento em que comete o<br />

crime, segundo suas próprias palavras: “fiquei das 6 hora da tarde até<br />

meia-noite com ela, tentando matar ela [...], sem fazer mais nada.<br />

Tentando matar, tentei quebrar o pescoço, não deu; tentei estrangular,<br />

não deu; aí torci a espinha dela, quebrei a espinha dela. Senti que<br />

quebrou, que o corpo amoleceu pra trás. Essa eu fiquei cabreiro. Foi o<br />

meu primeiro, né? Fiquei cabreiro. Carcado”. Em outro momento da<br />

entrevista, quando perguntado novamente sobre este estupro, elabora:<br />

“ela agonizava, espumava pela boca. [...] Quando eu tentei matar ela,<br />

estrangular ela, eu tava estrupando ela. Tava em cima dela, apertando<br />

o pescoço. [...] Aí, meia-noite não sei que que deu – ah, não, eu peguei<br />

uma pedra, dei uma pedrada no crânio. Daí o cérebro saltou pra fora.<br />

Dei uma pedrada assim no cérebro, matei de vez”.<br />

Ressalta-se aqui que a hipótese trabalhada nesta análise é a de<br />

que houve um efeito dominó a partir do momento em que Quiron<br />

descobre o aborto realizado pela sua companheira e as supostas traições<br />

cometidas pela mesma. Algumas afirmações suas reforçam esta visão:<br />

primeiramente a de que não se sentiu atraído pela menina de rua que<br />

estuprou e matou; em segundo lugar, que este momento teria sido a

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