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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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170<br />

a un conjunto interesante de varones que, en el<br />

marco de los imaginarios aún vigentes, se<br />

marginalizan en los términos inferiorizados de la<br />

posición mujer.<br />

É contra essa inferiorização que Quiron se lança a violentar<br />

física e sexualmente as mulheres, contra as impossibilidades de se tornar<br />

aquilo que absorveu como ideal. Novamente a masculinidade e sua<br />

performatividade demonstram como os significantes compartilhados no<br />

ocidente continuam a ser raiz de violências inefáveis. A única maneira<br />

possível de se evitar que tais crimes continuem a ser cometidos reside na<br />

modificação destes padrões – que se mostram cada vez mais<br />

inalcançáveis –, coibindo-se a produção de sofrimento para os homens<br />

que se encontram alinhavados desta maneira em relação à masculinidade<br />

e produzindo masculinidades mais toleráveis. A masculinidade à qual<br />

Quiron se subscreve postula que se atinjam variados padrões que se<br />

demonstram completamente impossíveis. Em suas palavras:<br />

Ah, que eu sou um monstro, não é? [...] Me<br />

sinto... um monstro, tenho que pagar muito pelo<br />

que eu fiz. Pouco de inferno pra mim. Por isso<br />

que não acredito em igreja católica, crente, nada.<br />

Sei que vou pro inferno. Não tem mais jeito. O<br />

que eu já tirei de vida de pessoas... 17 pessoas já<br />

tirei a vida. Tudo a tiro, facada, foiçada...<br />

Claramente Quiron não é inocente de seus crimes nefastos<br />

apenas por ser atravessado por estes ideais. A interpretação aqui segue<br />

apenas a ideia de que estes crimes não são univocamente cometidos pelo<br />

sujeito, mas alinhados e entrecruzados por diversos discursos, práticas e<br />

performatividades que estão no cerne da estruturação de gênero<br />

promovida pela sociedade brasileira e grande parte do mundo ocidental.<br />

Não existe a hipótese de que o sujeito não teria cometido tais crimes se<br />

não estivesse envolvido com estas questões, apenas se salienta que estes<br />

ideais dão suporte significante aos crimes cometidos.<br />

4.5 O Caso Carlos<br />

Carlos tem 25 anos de idade, diz-se “moreno” e estudou até o<br />

primeiro ano do segundo grau, tendo desistido por vontade própria.<br />

Declara-se católico e foi atendido pela Décima Delegacia de Polícia da

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