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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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2.2 O Discurso de Gênero: Masculinidades e Violência<br />

A compreensão acerca das masculinidades é um ponto que pode<br />

auxiliar em muito a concretização de uma sociedade igualitária. No<br />

início dos anos 1990, as grandes conferências internacionais feministas<br />

– como as de Beijing, Cidade do México e Nairobi 3 – enfatizaram a<br />

necessidade de incorporar os homens como alvos de políticas públicas<br />

que visassem a uma maior equidade entre os sexos, enfatizando a<br />

necessidade de ações políticas junto à população masculina.<br />

Autores como Welzer-Lang (2004) apoiam a tese de que o<br />

gênero se mantém e é tanto definido quanto regulado através de<br />

violências. Compreende que assim se perpetua a estrutura de poder<br />

atribuída coletiva e individualmente aos homens às custas das mulheres.<br />

As relações homens/homens também são marcadas por desníveis e por<br />

violências simbólicas e concretas.<br />

De acordo com Connell (1997), a masculinidade não é um<br />

objeto coerente ou generalizável, e toda tentativa de definição sobre ela<br />

deve estar inserida numa estrutura maior, de modo a possibilitar, assim,<br />

a compreensão de suas dinâmicas, colocando-o sempre em uma rede de<br />

significantes, na qual se incluem “as práticas que comprometem homens<br />

e mulheres com essa posição de gênero, e os efeitos destas práticas na<br />

experiência corporal, na personalidade e na cultura” (ibid., p. 35).<br />

Almeida (1995, apud Costa, 2002) enfatiza que a masculinidade não<br />

deve ser encarada como o simples colorido cultural de um dado natural,<br />

uma vez que ela é marcada por assimetrias (como<br />

heterossexual/homossexual) e por hierarquias (de mais a menos<br />

“masculino”).<br />

Connell (1997) pensa o conceito de gênero como uma forma de<br />

organização de práticas sociais que instituem e afetam corpos, mesmo<br />

que não se reduzam a eles. Salienta, ainda, que toda cultura tem<br />

definições de conduta, comportamentos e sentimentos que são<br />

apropriados por aqueles que se identificam com as masculinidades.<br />

Portanto, os homens, desde cedo em suas vidas, são levados a ações e a<br />

sentimentos que reproduzam estes valores.<br />

Porém, é necessário fazer uma ressalva, visto que estes autores<br />

são criticados por uma visão considerada limitada e, por vezes,<br />

epistemologicamente inconsistente de seus estudos. Necessário se faz<br />

também resgatar um conceito de grande importância na teoria de Judith<br />

3 Conferências das Nações Unidas sobre Direitos das Mulheres – Beijing em 1995, Nairobi em<br />

1985 e Cidade do México em 1975.<br />

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