12.05.2013 Views

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

enxergarem todas estas estruturas e de se analisá-las à luz da psicanálise<br />

e da performatividade.<br />

Outra questão de importância que aparece imbricada em todas<br />

estas instâncias é a do corpo – corpo este perpassado pelo desejo,<br />

constituído especularmente. Lacan aponta que a integração da<br />

sexualidade à dialética do desejo passa por aquilo que designa como<br />

aparelho, ou aquilo que no corpo pode aparelhar-se, distinguir-se<br />

daquilo com que os corpos podem emparelhar (Lacan, 1998 [1964], p.<br />

168). Esta passagem é de suma importância, pois aqui se elucida o<br />

posicionamento lacaniano em relação ao gênero – obviamente não<br />

pensado neste termo –, na medida em que, para ele, o corpo toma forma<br />

como o suporte do aparelho psíquico, sem definição sexual por via de<br />

qualquer aparelhamento orgânico; pelo contrário, o que se dá é que os<br />

corpos estão “emparelhados”, todos no mesmo nó de<br />

sexualidade/desejo/pulsão.<br />

2.7 Violência e Pulsão<br />

Gostaria de apresentar uma breve leitura crítica dos conceitos<br />

de violência e agressão em Psicanálise. No senso comum, é bastante<br />

normal que os termos sejam confundidos, porém não podemos ter essa<br />

mesma liberdade quando lidamos com um conhecimento que é tão<br />

baseado na língua (assim como suas formas padronizadas e aberrações),<br />

como a Psicanálise. Para isso, utilizarei alguns textos de Freud e de<br />

Lacan e de outros autores que fazem uma leitura deles.<br />

Com efeito, em repetidas ocasiões Freud indica que, mesmo nas<br />

situações em que há a tendência à destruição do outro e de fúria cega,<br />

pode-se sempre encontrar a satisfação libidinal, satisfação sexual<br />

dirigida ao objeto, ou gozo narcisista (Laplanche & Pontalis, 1967, p.<br />

338).<br />

Essa delimitação está no âmago da compreensão da violência<br />

sexual. Faço a leitura de que a violência sexual sempre é tomada como<br />

uma das mais destruidoras e temidas – e muitas vezes ressaltada por<br />

teóricas feministas como um dos grandes componentes da dominação<br />

exercida pelo masculino contra o que é entendido como feminino (cf.<br />

MacKinnon, 1987; Hester, 1992 – violências que um sujeito pode sofrer.<br />

Não só no caso das mulheres, mas estudos sobre homens que foram<br />

vítimas de estupro também afirmam a potência psíquica que lhe é<br />

atribuída. Esta potência parece derivar de um construto social: o estupro<br />

é pior do que a morte; equivale a uma constante tortura, inescapável,<br />

irremediável; é uma marca, um trauma no sentido mais inicial<br />

71

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!