UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC
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diferença nos resultados, sendo que chegam a conclusões bastante<br />
correlatas com as encontradas pela psicanálise, vide a procura por<br />
estruturas cognitivas que guiam e apoiam as agressões sexuais:<br />
Falando com os agressores, ou melhor, ouvindoos<br />
providencia frequentes observações de<br />
percepções, atitudes, valores e crenças que<br />
parecem obviamente pró-agressão. Pequena<br />
maravilha que pesquisadores e provedores de<br />
tratamento tenham saltado conceitualmente em<br />
reconhecer tais cognições como evidência de<br />
estruturas cognitivas subjacentes que guiam e dão<br />
suporte à agressão (Polaschek & Gannon, 2004, p.<br />
300; tradução minha) 16 .<br />
Polaschek & Gannon (2004) discutem o sentimento de<br />
entitulamento ou de direito ao corpo feminino descrito por muitos<br />
homens, sentimento de posse já evidenciado anteriormente no caso de<br />
Quiron. A diferença é que o consideram um desenvolvimento da cultura<br />
patriarcal ainda encontrada em nossa sociedade, fazendo com que os<br />
homens se considerem superiores e como tendo o dever de utilizar do<br />
estupro como uma maneira de fazer com que as mulheres continuem a<br />
ocupar um lugar de subserviência na sociedade:<br />
Quando aplicada ao estupro, Polaschek e Ward<br />
descreveram esta teoria estando fortemente<br />
enraizada em idéias tradicionais e patriarcais sobre<br />
homens estando encarregados das mulheres porque<br />
homens são percebidos como estando mais<br />
psicologicamente maduros e sexualmente<br />
sofisticados. Em adição ao sexo quando desejam,<br />
homens entitulados (também traduzível como<br />
possuidores de direito [ao corpo feminino])<br />
também se vêem justificados ao punir uma mulher<br />
que não é adequadamente subserviente às suas<br />
necessidades. Portanto, ‘o estupro serve como<br />
maneira de manter as mulheres em seus lugares’ é<br />
representativo da distorção cognitiva para esta<br />
16 “Talking to offenders, or rather, listening to them provides frequent observations of<br />
perceptions, attitudes, values, and beliefs that seem obviously offense supportive. Little<br />
wonder that researchers and treatment providers have leaped conceptually into regarding<br />
such cognitions as evidence of underlying cognitive structures that guide and support<br />
offending”.