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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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desvelaram; o efeito que isso tem para sua constituição performativa<br />

masculina é brutal: “eu não sou [homem], pra mim eu não sou homem<br />

depois que eu fiz isso, né? Isso não é papel de homem que se faz”. Esta<br />

frase também implica o conceito do homem feito, do self-made man, o<br />

qual é pungente no caso de Quiron, que vê todas as suas oportunidades<br />

de se tornar aquilo que almeja (um homem que trabalha corretamente,<br />

tem sua família, provê para todos, etc.) derrubadas tanto pelos eventos<br />

do fim do relacionamento com Sandra quanto pelo seu envolvimento<br />

com as drogas. Portanto, Quiron não se considera um homem, não se vê<br />

compartilhando da masculinidade como outros homens que não<br />

cometem estupros ou que não são traídos por suas companheiras. Lia<br />

Zanotta Machado (2004) ressalta que importante parte do núcleo honra<br />

de homem depende da fidelidade da mulher e do seu reconhecimento<br />

como respeitada, assim como a paternidade consolidaria o lugar de<br />

provedor, mantendo a honra e fazendo praticamente nascer o sentimento<br />

de responsabilidade no homem (idem, p. 53) – todos elementos que<br />

reiteradas vezes são repetidos pelo sujeito e que muitas vezes guiam<br />

suas ações violentas quando este código é quebrado.<br />

Em todas as enunciações de Quiron, encontramos pontos que<br />

indicam como a busca por esse ideal de homem – tanto no sentido do<br />

ideal psicanalítico quanto no da masculinidade hegemônica de Connell<br />

(1995) – produz sofrimento, dor, e está na raiz de vários dos crimes que<br />

Quiron comete. Não só o ideal, mas a impossibilidade mordaz de que<br />

seja alcançado parece ser ainda mais danosa para aqueles que buscam<br />

esta masculinidade. Femenias (2009, p. 50) aponta que<br />

Algunas teóricas supusieron que se seguiría de<br />

ello [a entrada da mulher no mercado de trabalho]<br />

un reparto más equitativo del mercado de trabajo<br />

y del de labores. Pero, en realidad, con la<br />

globalización y la crisis económica mundial el<br />

camino hacia la feminización y precarización<br />

general del trabajo ha sumergido a muchos<br />

varones de diversas clases sociales a un orden premoderno,<br />

desposeyéndolos de una imagen de sí<br />

configurada mayormente a partir del varón<br />

proveedor decimonónico y del sistema de valores<br />

y preconceptos que lo acompañan. En otras<br />

palabras, si el patriarcado moderno se constituyó a<br />

partir de un conjunto interclasista y metaestable<br />

de pactos – como acertadamente lo definiera Cèlia<br />

Amorós – la crisis actual global excluye del pacto

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