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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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176<br />

A apelação para uma irracionalidade ou irrepresentabilidade da<br />

violência é trabalhada por Costa (1984), que advoga que “o sujeito pode<br />

agir emocionalmente e com violência, sem que isso exclua a<br />

participação da razão” (ibidem, p. 37). Jurandir Freire Costa (1984, p.<br />

37-38) leva esta hipótese até seu extremo mais radical:<br />

Pode-se argumentar que esta primeira acepção do<br />

“irracional” não coincide com a irracionalidade da<br />

violência. Neste sentido estreito, dir-se-á,<br />

nenhuma conduta é irracional, porque se toma<br />

razão e racionalidade como sinônimo dos<br />

conteúdos da consciência. Ora, salvo nos casos<br />

abertamente patológicos, em que a clareza da<br />

consciência ou sua estruturação normal estão<br />

comprometidas, toda conduta é racional. A<br />

irracionalidade do comportamento violento devese<br />

ao fato de que a razão desconhece os móveis<br />

verdadeiros de suas intenções e finalidades. A<br />

violência é irracional quando e porque se dirige a<br />

objetos substitutivos, na acepção psicanalítica do<br />

termo.<br />

A esquiva para a verdade jurídica também inclui a possibilidade<br />

de o sujeito não ter de simbolizar aquilo que lhe é pedido na entrevista,<br />

assim como se utiliza do outro como forma de explicar a motivação para<br />

cometer o crime. Claro que não podemos tomar a situação apenas como<br />

uma desculpa, no sentido dado por Scully & Marolla (2005). A<br />

descrição detalhada do comportamento do menor demonstra como a<br />

situação era frágil e possivelmente perigosa para os envolvidos,<br />

incluindo Carlos:<br />

Porque eu tava dirigindo o carro; quando eu<br />

olhei, já tava acontecendo. Quando eu olhei pra<br />

trás, ih, nem imaginava. Só tava com a arma na<br />

mão e não tinha feito aquilo ali. A minha reação<br />

ia ser outra. Que quem tava com a arma era ele.<br />

Minha reação ia ser outra, não ia deixar ele<br />

fazer. Não sei o que tinha passado na minha<br />

cabeça naquele momento. No momento, o cara<br />

não sabe a reação do cara, o que o cara pode<br />

fazer. Praticamente ele me obrigou a fazer<br />

também. Pra ele não passar sozinho. [...] Claro,<br />

me ameaçou. Também falou pra mim: “pode fazer

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