UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC
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aí também, faz que é o seguinte, é nóis nesse<br />
barco, honrado”. Do lado, ele tinha aquele<br />
pistolão.<br />
Costa (1984, p. 39) continua a trabalhar a hipótese da violência<br />
regida por fatores inconscientes – é necessário salientar que as pesquisas<br />
que falam de teorias implícitas não se encontram tão distantes dessa<br />
mesma visão de irracionalidade (que chamam de distorções cognitivas)<br />
e são bastante correlatas com o que é encontrado no discurso de Carlos –<br />
e postula que:<br />
(...) o primado da razão pode, de fato, ser<br />
destronado pela “intenção” inconsciente,<br />
originalmente irracional. Nestes exemplos [o<br />
extermínio de judeus na segunda guerra mundial],<br />
não há como supor ou provar a existência de um<br />
sujeito racional e de uma intenção consciente<br />
como motivo operante do ato violento. A<br />
violência nasce da moção inconsciente, do<br />
movimento da pulsão que tende à destruição, sem<br />
que haja mediação de nenhum motivo ou interesse<br />
da razão.<br />
Costa (ibidem) conclui seu raciocínio nesta linha delimitando a<br />
marca da violência no campo do humano:<br />
(...) todos estes exemplos, e inúmeros outros do<br />
gênero, só atestam a diferença existente entre a<br />
violência humana e a agressividade animal. O<br />
motivo é evidente: este tipo de ação destrutiva é<br />
irracional, mas porta a marca de um desejo.<br />
Violência é o emprego desejado da agressividade<br />
com fins destrutivos. Esse desejo pode ser<br />
voluntário, deliberado, racional e consciente, ou<br />
pode ser inconsciente, involuntário e irracional. A<br />
existência destes predicados não altera a qualidade<br />
especificamente humana da violência.<br />
O argumento se mantém estável ao longo de suas descrições,<br />
visto que são sempre fatores externos que influenciam sua volta à<br />
criminalidade. O sujeito se coloca como se fosse apenas levado para<br />
essas situações. Suas afirmações vão no sentido de afirmar que seu<br />
desejo não estaria envolvido no roubo do carro, assim como seu desejo