UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC
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esperando que, através da luta de classes e da revolução, se erga um<br />
Estado que não tenha como base a opressão das mulheres dentro da<br />
família e do capitalismo (como mão-de-obra barata).<br />
Essa historicidade conceitual recuperada por Haraway, porém,<br />
vem na esteira de uma série de discussões que ocorreram desde meados<br />
da década de 80 até os dias atuais. Por meio das quais tenta-se definir<br />
limites contingentes ao campo dos estudos de gênero e introduzir uma<br />
possibilidade (ou, por vezes, o total abandono) de uma proposta<br />
puramente feminista de epistemologia.<br />
Haraway (1995) inicialmente analisa o feminismo por linhas<br />
parecidas com a de Harding (1993), porém conclui que “o marxismo<br />
ainda era um recurso promissor na forma de uma higiene mental<br />
epistemológica feminista, que buscava nossas próprias doutrinas de uma<br />
visão objetiva” (ibid., p. 14). O ponto que Haraway salienta é o da<br />
insistência na corporificação e naturalização da teoria marxista. Indica a<br />
necessidade de se utilizar da rica tradição de críticas da hegemonia –<br />
mas sem a desqualificação dos positivismos e relativismos –, assim<br />
como teorias nuançadas da mediação para uma melhor compreensão do<br />
fenômeno escolhido pelo feminismo. O Marxismo era, então,<br />
interessante ao feminismo; porém, com o passar do tempo e a<br />
insuficiência das teorias originais de Marx ou Weber para explicar os<br />
complexos problemas encontrados pelo feminismo contemporâneo, as<br />
teóricas e teóricos passaram a migrar para outros autores e teorias<br />
buscando um aporte analítico que desse conta da complexidade<br />
engendrada pelo gênero. Propriamente nesta ânsia de encontrar outro<br />
modelo, outra epistemologia que guiasse os estudos, Haraway (1995, p.<br />
31) tenta definir o espaço diferenciado que ocupa o feminismo dentro da<br />
ciência:<br />
O feminismo ama outra ciência: a ciência e a<br />
política da interpretação, da tradução, do<br />
gaguejar e do parcialmente compreendido. O<br />
feminismo tem a ver com as ciências dos sujeitos<br />
múltiplos com (pelo menos) visão dupla. O<br />
feminismo tem a ver com uma visão crítica,<br />
conseqüente com um posicionamento crítico num<br />
espaço social não homogêneo e marcado pelo<br />
gênero.<br />
A produção mais provocativa dos últimos vinte anos insistira<br />
muito grandemente nas relações entre sexo e raça de maneira a