12.05.2013 Views

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

92<br />

Neste texto também transparece a etiologia da neurose em Freud, ou<br />

seja, como ocorre a estruturação interna no paciente que sofre da<br />

enfermidade: “afirmamos também que os pacientes neuróticos sofriam<br />

de conflitos mentais e que os desejos e inclinações que se expressavam<br />

nos sintomas eram desconhecidos dos próprios pacientes – isto é, eram<br />

inconscientes” (ibid., p. 267). Trata-se de uma visão bastante resumida,<br />

mas que dá conta de informar o pensamento Freudiano deste momento.<br />

Tendo em vista estas reflexões, Freud se pôs a trabalhar sobre uma<br />

possibilidade teórica de entender estas duas diferentes ameaças sem que<br />

isso acarretasse uma nova divisão e categorização, finalmente propondo<br />

uma hipótese unificadora. Afirma, destarte, que a repressão, que vê na<br />

base de cada neurose, seria uma reação ao trauma ou uma neurose<br />

traumática elementar (ibid., p. 263). Esta hipótese é utilizada até os dias<br />

de hoje na compreensão de casos de vítimas de violência, tendo<br />

inclusive criado um novo campo de estudos chamado trauma studies,<br />

que lida exatamente com esta categorização originalmente freudiana em<br />

uma tentativa de descobrir métodos terapêuticos significativos para os<br />

afetados por estas violências, assim como atingir uma compreensão<br />

melhor de como o chamado trauma afeta o aparelho psíquico.<br />

A morte – e, por consequência, a violência – parece criar certa<br />

dificuldade de análise. Esta dificuldade, por sua vez, parece ser o que<br />

transparece em algumas análises que a tomam como um irrepresentável.<br />

Porém, tomar esta dificuldade como uma barreira intransponível seria<br />

relegar o problema para sempre à esfera do incompreensível e imutável,<br />

o que não parece ser nem uma escolha política interessante, nem uma<br />

possibilidade realmente crítica. Freud descreve este mesmo fenômeno<br />

(1915, p. 325):<br />

O aturdimento lógico que a presente guerra<br />

provocou em nossos concidadãos, não poucos<br />

dentre eles sendo o que há de melhor em sua<br />

espécie, constitui, portanto, um fenômeno<br />

secundário, uma conseqüência da excitação<br />

emocional, e está fadado, conforme esperamos, a<br />

desaparecer com ela.<br />

Freud explica esta incapacidade em analisar o que acontecia nos<br />

campos de batalha da primeira guerra mundial por uma paralisia<br />

relacionada à modificação da relação com a morte – que passa de uma<br />

condição negada pela maioria dos sujeitos em uma sociedade pela maior<br />

parte do tempo a uma outra relação, esta sendo uma nova, ainda não

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!