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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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o traçado do desejo, que pode expressar-se de maneira gozosa, como<br />

explanado acima.<br />

A pergunta que me faço, então, é: haveria outra maneira? A<br />

resposta parece ser sim, tanto nas situações de radical sujeição quanto<br />

nas situações em que a violência acontece sem que haja qualquer<br />

possibilidade de revide por conta do sujeito alvo desta violência<br />

(independente das relações gozosas que possam aí ser estabelecidas).<br />

Em segundo lugar, questiono: se existe a possibilidade da<br />

decomposição da violência sexual à pulsão e, então, o desmonte dessa<br />

pulsão em suas quatro partes fundamentais, isso me possibilitaria<br />

desconstruir também o movimento psíquico realizado pelos sujeitos que<br />

cometem a violência?<br />

Novamente, parece-me que em parte a resposta é sim; porém,<br />

para que fosse possível fazer tamanho desmonte pulsional, seria<br />

necessária uma investigação muito aprofundada e longa daquilo que o<br />

sujeito experimentou em sua vida e como ele se estruturou<br />

fantasisticamente e psiquicamente. Tal objetivo vai além do escopo<br />

proposto pelas entrevistas que foram realizadas e das possibilidades<br />

abertas pela instituição onde foram feitas, o que não impede uma<br />

tentativa, por parte do pesquisador, de fazer esta leitura, mesmo que com<br />

material muitas vezes incompleto e sem possibilidade de explorar<br />

novamente o discurso daqueles que já foram ouvidos. Não obstante, o<br />

desejo se mostra nesse projeto de desmontagem da pulsão.<br />

Um dos aspectos da análise que utilizo para compreender o<br />

discurso dos sujeitos entrevistados é a análise seus lapsos, seus atos<br />

falhos. Freud enuncia que<br />

(...) o responsável por um lapso de língua não é o<br />

acaso, nem a semelhança no som, nem uma simples<br />

dificuldade de articulação, mas que em todos os<br />

casos podemos descobrir um conteúdo ideativo<br />

[representacional] perturbador, isto é, um complexo,<br />

que alterou o sentido da fala intencionada sob a<br />

forma aparente de um lapso de língua (Freud, 1974<br />

[1906], p. 107).<br />

Procuro, assim, estes erros que passam despercebidos no<br />

discurso e na audição comum, para detectar algum núcleo do que seja<br />

importante ou recalcado para os sujeitos, possibilitando, através de uma<br />

escuta quase analítica, uma aproximação do que poderia ser entendido<br />

como a verdade do sujeito. Afinal,

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