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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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conjuntamente também aponta o gozo feminino como interminável e<br />

muitas vezes não subordinado à ordem fálica, o que subjaz a uma certa<br />

crítica que muitas vezes passa despercebida por psicanalistas lacanianos,<br />

qual seja, a que a tábua da sexuação previamente apresentada por Lacan<br />

também é desconstruída, e o sexo entendido não como biológico, mas<br />

como uma posição simbólica (assim como a passagem do Édipo,<br />

incompleta sempre, também é a entrada na ordem cultural para a<br />

criança, assim como o “conluio” com a ordem de gênero vigente) em<br />

relação à heteronormatividade. Em efeito, a heteronormatividade não<br />

funciona sempre, e já desde tenra idade o sujeito pode destacar-se. “O<br />

falo é o signo da sexualidade como diferença” (Lima, 2006, p. 249).<br />

O falo, no entanto, ainda tem outra função, pois o corte operado<br />

por este é “tentativa fadada ao fracasso de recobrir, com a significação<br />

sexual, todo o campo da pulsão” (Lima, 2006, p. 250). Outro conceito<br />

de importância é o de ideal do Eu, que opera sempre deliberando para o<br />

sujeito as condições narcísicas para sua completude, o que, em geral,<br />

nunca ocorre: “o Ideal do Eu – resultante da identificação com os<br />

imperativos dos pais e ideais coletivos – proporciona a cada um de nós o<br />

equipamento necessário para construir nosso próprio vocabulário<br />

privado de deliberação moral” (Lima, 2006, p. 252). Nessa citação,<br />

podemos compreender também a estreita relação mantida entre o<br />

supereu, mandatário do imperativo gozante, com o ideal de Eu, regulado<br />

pelo narcisismo.<br />

No Seminário “Os Quatro Conceitos Fundamentais da<br />

Psicanálise” (1985), Lacan promove nova distinção no conceito de<br />

linguagem ao elaborar melhor o que se encontra dentro e fora da mesma,<br />

colocando a pulsão como algo coerente com o significante.<br />

Mesmo utilizando a definição circular de que um significante é<br />

o que significa um sujeito para outro significante, Lacan gradativamente<br />

introduz novas teorizações, já que, para responder a algumas das<br />

questões da clínica, era necessário ir além do significante, que não<br />

resumia a experiência do inconsciente (Lima, 2006, p. 241). Conceitos<br />

como a contingência do falo e a letra que funciona como litoral entre<br />

diferentes instâncias são introduzidos no âmago da psicanálise e que a<br />

levam a uma direção diferente daquela definida pelos estudos anglosaxões,<br />

que primavam pelas relações de objeto. Esta direção não era<br />

outra senão uma diferente da estruturalista e, portanto, inerentemente<br />

pós-estruturalista, por mais que alguns dos preceitos não sejam<br />

atendidos.<br />

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