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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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68<br />

Esta inter-relação se situa também no tocante à divisão artificial<br />

entre pulsão de vida e pulsão de morte. O que se encontra no sujeito é<br />

um amálgama de ambas, não é possível “limitar una u otra de las<br />

pulsiones fundamentales a una determinada provincia psiquica. Es<br />

necesario poderlas encontrar por todas partes” (Laplanche & Pontalis,<br />

1967, p. 339).<br />

Quando se estuda o quadro geral das pulsões encontradas nos<br />

sujeitos, vê-se que não é possível uma compartimentalização da pulsão<br />

(assim como Freud nunca conseguiu um exemplo puro – claramente<br />

inexistente – de pulsão de morte, por exemplo), visto que os sujeitos<br />

tendem a realizar manifestações a todo tempo contraditórias com um<br />

princípio de prazer, ou Eros, completo. Veem-se sofrendo, repetindo,<br />

demonstrando sintomas sem explicação puramente orgânica. Ou seja,<br />

aquilo que é denominado pulsão de morte está em ação em todos os<br />

sujeitos (Laplanche & Pontalis, 1967, p. 339).<br />

Contudo, a pulsão de morte não deve ser compreendida apenas<br />

como uma negatividade. Existem fatores de suma importância para o<br />

chamado “movimento civilizatório” – que Freud ressalta em “Por que a<br />

guerra?” (Freud, 1980) – que são diretamente derivados da pulsão de<br />

morte. Como exemplo, toda desestabilização, toda reestruturação é<br />

derivada da pulsão de morte; ou, utilizando um exemplo mais objetivo,<br />

todos necessitamos de uma dose de pulsão de morte para nos<br />

levantarmos da cama todos os dias. Por isso, em “Mais Além do<br />

Princípio de Prazer” (Freud, 1977 [1920]) Freud ressalta que muitas<br />

vezes o próprio princípio de prazer parece colocar-se a serviço da pulsão<br />

de morte.<br />

O efeito mais radical do pensamento Freudiano acerca da<br />

pulsão de morte é a centralização desta como liga indissolúvel de<br />

conceitos outrora desunidos ou estanques. O desejo, a agressividade, o<br />

sexual são todos inexoravelmente atrelados ao desejo de morte<br />

(Laplanche & Pontalis, 1967, p. 342); e, desta maneira, a conceituação e<br />

compreensão da violência se torna possível. Ao mesmo tempo em que o<br />

narcisismo habilita e garante ao agressor destacar-se da vítima (ou por<br />

vezes se identificar e aí gozar), a pulsão de morte – entremeada pela<br />

sexualidade e pela agressividade – executa o movimento de<br />

desestabilização do outro. Assim se faz o jogo sádico encontrado em<br />

algumas cenas de violência sexual – devo deixar claro que não em todas<br />

e que essa não é uma hipótese exclusiva ou ainda generalizante. Nesse

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