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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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adquirindo ora menor, ora maior relevo e força; a<br />

pulsão de agressividade será completamente<br />

absorvida pela pulsão de morte (Endo, 2005, p.<br />

159).<br />

Costa (1985) cita Françoise Gantheret, que pensa a violência no<br />

mesmo eixo da paixão ou da loucura, como um conceito impossível,<br />

mais semelhante a um espasmo ou a uma convulsão, numa analogia ao<br />

corpo e ao movimento. Mesmo que na violência não haja<br />

necessariamente uma finalidade, ainda assim há um alvo quando se trata<br />

de violência entre sujeitos. E, mesmo assim, abala o corpo em um<br />

radical transbordamento de qualquer funcionalidade (Costa, 1985, p.15).<br />

Mesmo que trabalhemos a partir da hipótese de que a violência<br />

tem a característica do irracional, do inapreensível, do impossível de<br />

representar, temos de admitir que ela se presta, assim como o<br />

inconsciente, a uma certa análise partindo do seio da psicanálise (Costa,<br />

1985, p. 16). Muitos dos temas da psicanálise são tidos como<br />

dificilmente representáveis na linguagem para a linguagem, o que não os<br />

impede, mesmo assim, de serem tratados de inúmeros fronts. Na<br />

verdade, parece que definir a violência como ato negativo absoluto da<br />

razão serve apenas para enquadrá-la no rol de atos “irracionais” dos<br />

seres humanos, que nem por isso os destacam de uma vivência social,<br />

objetiva e subjetiva muito bem definida. O eclipse da razão, nesse caso,<br />

parece vir mais à tona em razão de uma suposta defesa da racionalidade<br />

humana do que necessariamente de uma explicação que dê conta do<br />

fenômeno da violência como ocorre em todas as sociedades.<br />

Outra teoria bastante corrente na psicanálise é de que a<br />

violência seja fundante do psiquismo, tomada nessa leitura<br />

principalmente pela chamada violência da linguagem, que força o<br />

sujeito a abandonar seu estado primordial dentro de uma estrutura em<br />

que tem muitas de suas necessidades e demandas satisfeitas. A ascensão<br />

a outro estado é muito bem discutido em qualquer trabalho que lide com<br />

o Édipo, não sendo o intuito deste trabalho a elaboração dessa passagem<br />

e seus diversos atos. Outro argumento é o da violência inerente ao<br />

movimento civilizatório, no qual as pulsões domadas pelo avanço da<br />

sociedade estruturada seriam repressivos aos movimentos<br />

pulsionais/sexuais, criando uma barreira semelhante à da linguagem,<br />

mas pervasiva a toda vida a do sujeito (a linguagem faz o mesmo<br />

movimento, mas parece ter uma culminação específica, enquanto o<br />

movimento civilizatório está sempre superposto a qualquer sujeito).<br />

Esses pontos que levantei parecem estar vinculados às concepções de<br />

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