UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC
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TESE III: Os impulsos de agressividade decidem sobre as razões que<br />
motivam a técnica da análise<br />
Trata-se de uma tese mais relacionada com a utilização da<br />
agressividade em análise. A técnica de mostrar o saber insabido, de<br />
alertar o sujeito para suas repetições e desnudar o fantasma são todas<br />
derivadas de uma necessária agressividade que transparece na relação<br />
transferencial. Sem essa característica de agressividade, provavelmente<br />
a psicanálise não seria efetiva.<br />
TESE IV: A agressividade é a tendência correlativa a um modo de<br />
identificação a que chamamos narcísico e que determina a estrutura<br />
formal do eu do homem e do registro de entidades característico de seu<br />
mundo.<br />
Essa tese vê sua origem já em Freud, em textos como “Por que<br />
a guerra?”. O narcisismo é pedra fundamental em qualquer estudo que<br />
leve em consideração a agressividade, visto que o narcisismo é<br />
necessário para que o sujeito consiga realizar uma agressão, assim como<br />
necessário para a estruturação psíquica de todos. O registro de entidades<br />
de que fala Lacan parece relacionar-se com a organização simbólica.<br />
A agressão, portanto, é sempre no Amor – fora disso não faz<br />
sentido. E é pensada aqui como manifestação do narcisismo, o outro<br />
lado da moeda do narcisismo, sendo que fora disso realmente não faria<br />
sentido por não lograr qualquer coisa para o sujeito que faz sua<br />
aplicação.<br />
Lembrando que a violência só existe entre seres humanos –<br />
entre os animais, Costa (1984) afirma que encontramos apenas<br />
agressividade – e que ela carrega um peso simbólico particular, gostaria<br />
de levanta algumas questões quanto às suas possíveis leituras nos<br />
campos epistemológico, ôntico e relacional.<br />
Primeiramente, qual a relação da pulsão com a violência?<br />
Parece-me que, se temos no gozo a repetição do fantasma que sempre se<br />
liga à relação do sujeito com o objeto a, podemos pensar que a pulsão de<br />
morte se expressa na violência pela manutenção de uma situação<br />
homeostática entre dois sujeitos. Temos também de pensar que a<br />
transformação do outro em objeto não é necessariamente uma situação<br />
criada apenas por um sujeito (por mais que, em casos radicais, em que<br />
um dos sujeitos se encontra inconsciente ou em uma situação de<br />
dominação física completa, isso não se aplique). É necessário que este<br />
outro aceite essa posição, e isso está necessariamente imbricado com a<br />
sua relação fantasmática. Ou seja, outra maneira de pensar a violência é<br />
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