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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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119<br />

É nos sonhos, nos lapsos do discurso, nas<br />

distorções, nas lacunas e nas repetições do sujeito,<br />

assim como em seus sintomas, que temos que ler<br />

o traço apagado do significante recalcado, que<br />

emerge na linguagem particular que apreende o<br />

desejo inconsciente e que abriga inadvertidamente<br />

um sentido – o do conflito recalcado –<br />

determinando a maneira pela qual o discurso do<br />

sujeito se organiza.<br />

Complementa seu argumento de que seria incapaz de cometer<br />

um crime deste tipo com outros dois pontos: que sua filha era na<br />

realidade uma mentirosa e uma criminosa; e que a educação dos jovens<br />

contemporâneos não inclui o respeito às regras que Esaú preza.<br />

O primeiro argumento envolve os motivos que levaram Esaú a<br />

morar com sua filha mais nova, que por si mesmos são complexos e<br />

entram em choque com os valores de masculinidade propostos por Esaú<br />

na entrevista:<br />

Pra começar, aquela menina nem morava, vivia<br />

comigo. Ela foi criada com a vó dela lá no oeste.<br />

Quando ela entrou – pra tu ver que ela tava<br />

perdida, já –, ajudou a matar uma senhora lá em<br />

Capinzal por causa de 50 real. Ela veio pro São<br />

Lucas, não morava aqui, descobriram onde é que<br />

eu morava, depois me chamaram lá no São Lucas.<br />

A diretoria do São Lucas me chamou lá.<br />

Aqui Esaú elabora como sua filha não compartilha de seus<br />

valores nem pratica aquilo que considera certo, principalmente no que se<br />

relaciona com o trabalho e com a família, assim como delineia sua<br />

inclinação para o crime, que parece colocar-se como pano de fundo para<br />

seus problemas com esta filha.<br />

Aqui aparece também a questão da paternidade, pouco<br />

explorada em outras falas de Esaú. Este demonstra novamente um<br />

aspecto que variados autores (Trindade, 2002; Siqueira et al, 2002)<br />

relatam, qual seja, a importância e centralidade que a paternidade ocupa<br />

como definidora da masculinidade:<br />

...quando me encontraram lá, aí vieram assim: “o<br />

senhor tem uma filha lá, assim, assim, que foi

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