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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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183<br />

preso que me conhece. Minha mulher nasceu<br />

aqui, se criou ali. Minha mulher é dali. Daí ela<br />

falou com os cara lá, os cara falaro com os cara<br />

aqui e falaro: “não, aconteceu isso, isso e isso.<br />

Segura o cara aí e respeita”. Ninguém me<br />

incomodou aqui dentro do sistema. Nunca! Tenho<br />

meu sol, meu amigo, nunca fiquei sem pegar meu<br />

sol. Peguei normal. Agora só que daí, eu<br />

foragido, ia passar repórter na televisão de novo,<br />

coisa que a gente não quer. Ia vim aqui pra<br />

dentro.<br />

Neste momento da entrevista, encontra-se um dos grandes<br />

diferenciais do caso Carlos. O seu crime foi cometido contra duas<br />

jovens de camadas médias altas na cidade e aconteceu em um bairro<br />

conhecido por sua vida noturna agitada e frequentada por classes<br />

abastadas. Estes fatores acabaram por fazer com que o crime fosse<br />

amplamente divulgado na mídia local e estadual; e, exatamente por este<br />

motivo, o nome real de Carlos é de conhecimento comum na cidade e<br />

também na comunidade onde residia. Os efeitos dessa midiatização são<br />

sentidos e relatados pelo sujeito algumas vezes durante a entrevista.<br />

Claro, quando caí. Esculacharam um pouco.<br />

‘Magina se não vão falar nada! Aí já falaram que<br />

assaltei. [...] Então eu pensei nesses ato aí. Eu tô<br />

com o objetivo de botar uma fábrica de bola,<br />

junto com outro preso. Com esse objetivo, eu fui<br />

pro semiaberto, tô aqui dentro. Cuidei da regalia;<br />

se quisesse, fugia de carro. A minha intenção é<br />

ficar lá fora, senão ia fazer tráfico. Voltei, paguei<br />

tudo, porque eu tenho um objetivo. Meu objetivo é<br />

colocar uma fábrica de bola pra vender aqui<br />

dentro.<br />

Após explicar como faria para organizar a fábrica, os pedidos,<br />

os presos que nela trabalhariam, a entrevista toma novamente o rumo<br />

sobre a violência perpetrada por Carlos, que começa a explicar a<br />

situação desde o início. Após a batida entre seus carros – ocasionada<br />

pela intoxicação alcoólica de Carlos – e o anúncio do assalto, levaram<br />

ambas as vítimas para dentro do carro destas últimas. Carlos dirigia ao<br />

lado da vítima que posteriormente estupraria, enquanto o menor de<br />

idade – armado – viajava na traseira, com a segunda vítima. A situação<br />

transcorrida dentro do carro é narrada por Carlos:

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