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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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128<br />

pessoas que dói quando perde a gente. Existem<br />

pessoas que perdem e a verdade dói. Existe<br />

pessoas que, quando mexe no bolso, dói. Eu<br />

conheço essas pessoas que, quando mexe no<br />

bolso, dói, entende? Eu... eles acham... veja como<br />

são as coisas: eles acham que a coisa acabou;<br />

até, a última vez que eu saí, fui dar um apoio, fui<br />

receber um dinheiro também, tu sabe que... só<br />

que... eles, pra não perder o moral que eles têm,<br />

que eu sei que eles não querem perder o moral,<br />

eles vão ter que pagar bem caro.<br />

Toda a constituição discursiva de Dylan acerca destas acusações<br />

contra outros sujeitos é atravessada por uma construção de vingança,<br />

mas que adiciona uma série de questões sobre suas decisões e sobre<br />

como constituem por si mesmas performatividades. Afinal, é um<br />

discurso reiterativo e citacional: reiterativo da condição de uma<br />

masculinidade atravessada pela sexualidade e permeada pela violência<br />

como parte da sexualidade, assim como é citacional pelo fato de repetir<br />

uma masculinidade que tem o grupo “homens” como uma rede que dá<br />

apoio e significação para a exploração de outras e outros que não se<br />

encaixam na fechada definição de homem que Dylan carrega e aceita<br />

(Connel, 1997; Butler, 2003).<br />

Além desta acusação de possuir material pornográfico infantil,<br />

outra desencadeou o atual encarceramento de Dylan, que é a acusação<br />

de que havia apalpado duas crianças, filhas de uma de suas vizinhas,<br />

quando estas frequentavam sua loja. Nas palavras de Dylan: “é, só essas<br />

duas crianças. È que a minha... Que eu tinha mexido com as crianças,<br />

cara. Que eu tinha passado a mão nas crianças, nem sei o que tava<br />

escrito lá. Que eu tinha feito maldade com as criança”. Novamente, é<br />

importante ressaltar que os sujeitos apenados parecem não ter acesso aos<br />

próprios processos e acusações que lhes são atribuídos, uma falta grave<br />

em qualquer sistema que almeja a justiça. Dylan afirma que nem tinha<br />

conhecimento de que crianças eram estas ou mesmo de qual de suas<br />

vizinhas que era a mãe das mesmas:<br />

Acabei sabendo mesmo quem eram as criança<br />

depois que a minha esposa foi saber quem era, daí<br />

ela me passou: “olha, é aquela menininha assim,<br />

assim, da vizinha de cima, que tinha recém se<br />

mudado”. Eu comecei a fazer força, assim; eu nem<br />

lembrava da criança. “É aquela que tinha um

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