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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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encontrada. Freud faz, então, uma alusão à relação existente entre o<br />

pensamento de uma sociedade primordial com o encontrado em nossa<br />

sociedade atual, dizendo que a investigação dessas duas situações<br />

poderia elucidar o problema, passando, a seguir, a uma leitura muito<br />

próxima de seu texto “Totem e Tabu” (1913) (Freud, 1915, p. 330).<br />

Neste texto, Freud lança a hipótese de uma origem mítica da<br />

organização social. Esta origem implica um pai da horda todo poderoso<br />

que governava com mão de ferro a sociedade de seus filhos e filhas e<br />

controlava todos os aspectos da vida social destes. Os filhos, ao notarem<br />

esta dissimetria de poder, tentariam desenvolver uma diferente maneira<br />

de controle social e recorreriam, então, a uma sociedade de iguais, de<br />

homens iguais, que cometeriam o assassinato deste pai todo poderoso<br />

para, através de um contrato estabelecido entre pares, criarem uma<br />

diferente ordem. Nas palavras de Freud, “crime primevo da humanidade<br />

deve ter sido um parricídio, a morte do pai primevo da horda humana<br />

primitiva, cuja imagem mnêmica foi depois transfigurada numa<br />

deidade” (ibid., p. 331).<br />

Esta deidade da qual fala Freud se traduz atualmente quando<br />

não mais vemos uma força tão grande nos mandatos religiosos na<br />

própria lei, a qual só se mantém por reiterados e citacionais esforços<br />

(Butler, 1997), mas que mantém um poder muito grande sobre todos os<br />

sujeitos na sociedade ocidental contemporânea. Freud indica que essa lei<br />

é uma herança histórica:<br />

Os esforços éticos da humanidade, cuja força e<br />

significância não precisamos absolutamente<br />

depreciar, foram adquiridos no curso da história do<br />

homem; desde então se tornaram, embora<br />

infelizmente apenas em grau variável, o patrimônio<br />

herdado pelos homens contemporâneos (ibid., p.<br />

335).<br />

Freud estabelece uma divisão bastante forte sobre o que é o<br />

papel do inconsciente e o papel dos atos de um sujeito. O inconsciente<br />

não executa o ato de matar (ou de estuprar); ele simplesmente o pensa e<br />

o deseja. Mas adverte que “seria completamente errado subestimar essa<br />

realidade psíquica quando posta em confronto com a realidade factual”<br />

(ibid., p. 336).<br />

Outra implicação da relação do inconsciente com o desejo é<br />

que, “à exceção de apenas pouquíssimas situações, adere à mais terna e<br />

à mais íntima de nossas relações amorosas uma pequena parcela de<br />

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