UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC
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Como o foco deste artigo reside na guerra, Freud ainda mantém<br />
uma visão mais positiva, pensando que o fim da guerra modificaria<br />
aquilo que se via nos campos de batalha; porém, como se vê na<br />
sociedade brasileira atual, que muitas vezes tem uma taxa de mortes que<br />
ultrapassa as taxas de guerras civis em outros países, essa previsão<br />
parece esperançosa demais. Nas palavras de Freud (ibid., p. 323),<br />
Sem dúvida, as influências da guerra se encontram<br />
entre as forças que podem provocar tal involução;<br />
dessa forma, não precisamos negar a<br />
suscetibilidade à cultura a todos que no momento<br />
se comportam de maneira incivilizada, e podemos<br />
prever que o enobrecimento dos seus instinto<br />
[pulsão]s será restaurado em tempos mais<br />
pacíficos.<br />
A reflexão freudiana suscita algumas dúvidas: quais seriam<br />
estas forças que provocam esta involução? Como considerar um tempo<br />
pacífico se estamos a todo tempo sendo bombardeados por notícias de<br />
violência no seio de nossas cidades? O comportamento incivilizado é<br />
fruto do momento histórico ou apenas reificado pela situação, sendo que<br />
sempre existe? São estas e outras algumas das questões que impelem<br />
este trabalho.<br />
2.10 Morte e Violência<br />
Outro dos argumentos de Freud sobre a violência se refere à<br />
relação estabelecida entre o sujeito e a morte. A morte parece ocupar um<br />
lugar ambivalente: primeiramente por ser o destino inegável de toda a<br />
vida; em segundo lugar, pela relação de negação que a maioria das<br />
pessoas parece utilizar ao lidar com o fato.<br />
É evidente que a guerra está fadada a varrer esse<br />
tratamento convencional da morte. Esta não mais<br />
será negada; somos forçados a acreditar nela. As<br />
pessoas realmente morrem, e não mais uma a<br />
uma, porém muitas, freqüentemente dezenas de<br />
milhares, num único dia (Freud, 1915, p. 329).<br />
Esta dificuldade, segundo Freud, é herdeira de uma posição<br />
inconsciente, segundo a qual nenhum sujeito acreditaria em sua própria