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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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90<br />

Como o foco deste artigo reside na guerra, Freud ainda mantém<br />

uma visão mais positiva, pensando que o fim da guerra modificaria<br />

aquilo que se via nos campos de batalha; porém, como se vê na<br />

sociedade brasileira atual, que muitas vezes tem uma taxa de mortes que<br />

ultrapassa as taxas de guerras civis em outros países, essa previsão<br />

parece esperançosa demais. Nas palavras de Freud (ibid., p. 323),<br />

Sem dúvida, as influências da guerra se encontram<br />

entre as forças que podem provocar tal involução;<br />

dessa forma, não precisamos negar a<br />

suscetibilidade à cultura a todos que no momento<br />

se comportam de maneira incivilizada, e podemos<br />

prever que o enobrecimento dos seus instinto<br />

[pulsão]s será restaurado em tempos mais<br />

pacíficos.<br />

A reflexão freudiana suscita algumas dúvidas: quais seriam<br />

estas forças que provocam esta involução? Como considerar um tempo<br />

pacífico se estamos a todo tempo sendo bombardeados por notícias de<br />

violência no seio de nossas cidades? O comportamento incivilizado é<br />

fruto do momento histórico ou apenas reificado pela situação, sendo que<br />

sempre existe? São estas e outras algumas das questões que impelem<br />

este trabalho.<br />

2.10 Morte e Violência<br />

Outro dos argumentos de Freud sobre a violência se refere à<br />

relação estabelecida entre o sujeito e a morte. A morte parece ocupar um<br />

lugar ambivalente: primeiramente por ser o destino inegável de toda a<br />

vida; em segundo lugar, pela relação de negação que a maioria das<br />

pessoas parece utilizar ao lidar com o fato.<br />

É evidente que a guerra está fadada a varrer esse<br />

tratamento convencional da morte. Esta não mais<br />

será negada; somos forçados a acreditar nela. As<br />

pessoas realmente morrem, e não mais uma a<br />

uma, porém muitas, freqüentemente dezenas de<br />

milhares, num único dia (Freud, 1915, p. 329).<br />

Esta dificuldade, segundo Freud, é herdeira de uma posição<br />

inconsciente, segundo a qual nenhum sujeito acreditaria em sua própria

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