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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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nunca é explicitado, dando apenas a entender que são situações<br />

específicas e não generalizáveis. O que Dylan entende por violência<br />

apenas fica claro quando perguntado sobre violência sexual:<br />

Acho que é... tudo, tudo aquilo que não condiz<br />

com, posso dizer, tudo aquilo que não condiz com<br />

os termos da sociedade, vamo botar assim. Acho<br />

que, com 30 e poucos anos de idade ou com vinte,<br />

tu tens a noção do que é certo e errado,<br />

entendesse? Não tem como tu exigir essa<br />

informação de uma criança, obviamente. Mas, em<br />

concessão de um adulto que entendesse, acho que<br />

tudo que não condiz, né? Fazer o que o outro não<br />

quer, né? Acho que já por aí, né? Se não tiver<br />

acordo entre ambas as partes, não é possível.<br />

Dylan aqui faz uso do discurso do consentimento para definir<br />

como se dá uma situação de violência sexual, tema muito relacionado<br />

com o direito e presente em muitas teorias sobre estupro (Hodgson &<br />

Kelley, 2002). Ou seja, muitas teorias que apontam que autores de<br />

crimes sexuais não compreendem as regras intrínsecas envolvidas em<br />

situações de sedução (Kitzinger, 1997) e o argumento muito descrito de<br />

que as vítimas da violência provocam os ataques não seriam adequados<br />

para descrever o caso de Dylan, visto que este compreende muito bem o<br />

que é violência e o que é violência sexual.<br />

Essa compreensão é alicerçada pelo relato que faz<br />

posteriormente à sua definição do que é violência sexual, quando relata:<br />

Já fui em casa de pai, pra batê nos pai, porque<br />

chegou lá machucado. Um dia minha esposa teve<br />

que me segurar em casa, porque eu fui lá pra<br />

bater no cara. O menino falou que o pai dele<br />

confundia ele com, com, com aquele olhar de<br />

mulher. E aquilo me levou de forma que eu fui lá.<br />

[...] Minha esposa descobriu; ela queria saber o<br />

que que eu tinha feito com o cara. Tá loco, eu não<br />

achei o cara em casa. Aí um dia o cara foi lá<br />

buscar o guri, eu quase matei. Não fui parar na<br />

delegacia porque ele sabia que eu ia falar. Então<br />

é... o que acontece isso aí, depois tu vem preso<br />

com um crime desses. É uma coisa interessante.

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