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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ... - CFH - UFSC

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poder. Talvez seja exatamente isso que se passa na resistência<br />

encontrada pelo conjunto de críticas elaboradas dentro destas rubricas<br />

intelectuais (Butler, 1998, p. 15)<br />

O campo político é necessariamente construído mediante a<br />

produção de um exterior determinante. Em outras palavras, o domínio<br />

da política se constitui por meio da produção e naturalização do “pré” ou<br />

“não” político. Nesta mesma linha, Butler (1998) sugere uma distinção<br />

entre a constituição de um campo político que produz e naturaliza esse<br />

exterior constitutivo e um campo político que produz e torna<br />

contingentes os parâmetros específicos deste exterior constitutivo (p.<br />

13). Este conceito traz uma transformação às lutas políticas, na medida<br />

em que as desloca para a constituição do que é político, sendo<br />

especialmente importante nas preocupações feministas pelo fato de as<br />

bases da política (“universalidade”, “igualdade”, “o sujeito dos<br />

direitos”) terem sido construídas mediante exclusões raciais e de gênero<br />

por uma fusão da política com a vida pública que torna o privado prépolítico<br />

(p. 13-14).<br />

Uma crítica que geralmente é feita acerca de uma suposta<br />

ciência feminista é de que, nas categorias filosóficas tradicionais, a<br />

questão seja mais ética e política do que realmente epistemológica.<br />

Haraway (1995, p. 15) assinala que o problema é: como ter,<br />

simultaneamente, uma explicação da contingência histórica radical sobre<br />

todo conhecimento postulado e todos os sujeitos cognoscentes, uma<br />

prática crítica de reconhecimento de nossas próprias "tecnologias<br />

semióticas" para a construção de sentido e um compromisso a sério com<br />

explicações fiéis de um mundo "real" e, ainda assim, conseguir manter<br />

uma postura que pelo menos permaneça dentro da proposição da autora<br />

como objetividade corporificada, sem perder as questões que parecem<br />

espalhar-se ao largo das sociedades ocidentais, que ainda mantêm a<br />

opressão a mulher em muitos de seus círculos?<br />

Segundo Braidotti (1997) a sexualização e a corporificação do<br />

sujeito são as noções principais do que seria chamado de “epistemologia<br />

feminista”, pois são estes conceitos que forneceriam as ferramentas<br />

conceituais e percepções específicas de gênero que governam a<br />

produção do pensamento feminista. Essa proposição, segundo as<br />

próprias historiadoras do movimento feminista, só aparece em um<br />

momento mais contemporâneo, quando há a modificação e o<br />

afastamento das análises iniciais da condição feminina centrada na<br />

mulher, que toma as mulheres como seus sujeitos empíricos, até que se<br />

chegue à ótica relacional de gênero (que hoje em dia também já mostra<br />

sinais de estar modificando-se).<br />

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