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Vida e criação das abelhas indígenas sem ferrão - WebBee

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A OBTENÇÃO DE COLÔNIAS 101<br />

As atividades de outros animais podem também influir na diminuição da<br />

quantidade de Meliponíneos. É muito possível que as <strong>abelhas</strong> indígenas tenham<br />

sofrido com o impacto da introdução da abelha européia. Como já expliquei, a<br />

Apis mellifera foi trazida ao Brasil em 1839, por iniciativa do Pe. Antonio<br />

Carneiro, ..."quem primeiro as mandou vir da Europa. Chega<strong>das</strong> apenas nove<br />

colônias, ele as colocou no sítio da Praia Formosa, onde estabeleceu o seu<br />

colmeial, dessas mesmas nove morreram duas, porém foi tal sua reprodução que<br />

no mesmo ano possuiu perto de cinqüenta, e em 1841 quando ele as ofereceu a S.<br />

M. enviando-as para a imperial quinta, este número havia subido a duzentos e<br />

tanto" (Francisco A. Marques, 1845 p-2). Segundo outro autor, esse número<br />

passou de 7 colônias a cerca de 30.000, no espaço de 20 anos (C. J. Branco, 1859<br />

p.12). Também participaram da introdução da Apis mellifera no Império do Brasil,<br />

os srs. Paulo Barbosa e Sebastião Cordovil de Siqueira e Mello (Nicolau Joaquim<br />

Moreira, 1878). Mais recentemente, a importação da abelha africana (A. mellifera<br />

scutellata), em 1956, seguida de uma multiplicação também "explosiva", na<br />

opinião geral acarretou no Sudeste e no Nordeste brasileiro uma pronunciada<br />

diminuição <strong>das</strong> <strong>abelhas</strong> indígenas da tribo Meliponini. Na região de Cananéia e<br />

Pariquera Açu (S.P.), ouvi queixas nesse sentido (Nogueira-Neto, 1964 p.120;<br />

1970 p.111) e também em outros lugares, inclusive no Ceará. Contudo, exceto<br />

talvez numa parte do Nordeste, parece que os Meliponini estão presentemente<br />

aumentando em número. Mesmo na região de Mossoró (RN), o Monsenhor<br />

Huberto Bruening (1990 p.97,121) afirmou que "a guerra <strong>das</strong> africanas vai para o<br />

declínio... pois as jandaíras estão se recuperando". Mas acrescentou que o<br />

"problema central" dessas <strong>abelhas</strong> indígenas é ..."a crise de habitação... Estão<br />

ficando <strong>sem</strong> casa... <strong>sem</strong> imburana, <strong>sem</strong> catingueira... Sem moradia não haverá<br />

família, muito menos mel..." A seu ver a meliponicultura decresce (op. cit: p. 7).<br />

Evidentemente, nos lugares muito cultivados é menor o número de <strong>abelhas</strong><br />

indígenas <strong>sem</strong> ferrão, principalmente porque há menos ocos onde elas poderiam<br />

estabelecer os seus ninhos. Também nos bairros mais densamente populosos <strong>das</strong><br />

cidades, é claro que esses insetos são mais escassos, pois encontram menos<br />

alimentos. No entanto, já vi ninhos dessas <strong>abelhas</strong> até mesmo em Copacabana, no<br />

Rio de Janeiro, bem como no Parque Anhangabaú e no Bexiga, na Capital<br />

Paulista. Os Meliponíneos eram extremamente abundantes, no vale do Rio Itajaí,<br />

em Santa Catarina. Fritz Müller (1921 p.300) em 1874 escreveu de lá uma carta<br />

afirmando que "... não se calcula demais se se disser que cada 0,255 ha no mato<br />

tem 1-2 enxames de <strong>abelhas</strong> selvagens, respectivamente 20 a 30.000 por légua<br />

quadrada". Ele estava escrevendo sobre <strong>abelhas</strong> indígenas <strong>sem</strong> ferrão e disse que<br />

as MIRINS eram as mais comuns. Ainda hoje os Meliponíneos são freqüentes<br />

nessa região, pois recebi de lá um número apreciável de colônias. Dessas, a<br />

maioria era de MIRINS (Plebeia spp), tal como nos tempos de Fritz Müller. Em<br />

1966 e em 1992 excursionei nesse vale. Nas serras da região ainda há muitas<br />

florestas, mas certamente

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