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Vida e criação das abelhas indígenas sem ferrão - WebBee

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ALGUNS MÉIS, MELATOS E SAMORAS/SABURÁS (PÓLENS) TÓXICOS PARA<br />

PESSOAS<br />

ao seu superior, dizendo entre outras coisas haver aqui uma abelha chamada<br />

eiraaquaietá, cujo ninho tem numerosas bocas de entrada e cujo mel "quando se<br />

chupa (...) toma as juntas do corpo, encolhe os nervos, ocasiona dores e tremores,<br />

provoca vômito e relaxa o ventre". Hermann von Ihering (1903 = 1930, p. 685-<br />

688) também relatou uma carta escrita por Th. Bishoff em Mundo Novo (RS) a<br />

Th. Peckolt, na qual foi dito que a ingestão de mel e "polem que se apresentava<br />

líquido", provocou "espasmo e vômito". Não foi determinada a espécie de abelha,<br />

mas o fato de que o polem... "se apresentava líquido", a meu ver sugere que se<br />

tratava da IRATIM (Lestrimelitta limao).<br />

Hermann von Ihering (1903 = 1930 p. 685-688), ao se referir à carta que o Pe.<br />

José de Anchieta escreveu em 1560, e comparando-a a informações que recebeu<br />

do Sul, concluiu que os dados sobre a IRATIM (que hoje chamamos de<br />

Lestrimelitta limao) e a eiraaquaietá são concordantes. Trata-se de uma abelha que<br />

produz mel ou samora/saburá (polem) <strong>sem</strong>i líquido tóxico. Não se pode ainda<br />

diferenciar os efeitos do mel dos efeitos do polem <strong>sem</strong>i líquido, mas chamo a<br />

atenção para o fato de que nos ninhos examinados ambos os produtos se<br />

misturaram facilmente, "ao serem abertos os potes" (Th. Bishoff, in H. von<br />

Ihering, 1903 = 1930 p.685-688).<br />

Na Província de Misiones, na Argentina, houve também dois depoimentos<br />

importantes, que confirmaram a toxidez do mel da abelha local EIRA-TI, ou seja,<br />

da IRATIM na Federação Brasileira. Não somente a entrada grande, múltipla e<br />

características dos ninhos <strong>das</strong> <strong>abelhas</strong> dessa espécie era a mesma, mas também o<br />

seu mel produz um efeito paralisante. Assim, J. Goicochea e A. Lucchesi, bons<br />

conhecedores <strong>das</strong> <strong>abelhas</strong> de Misiones, informaram claramente sobre isso ao<br />

escritor e naturalista E. L. Homberg (1887, p.260-261). Chegaram mesmo (op.cit.)<br />

a se referir a casos de paralisia com a duração de 1 a 3 dias, nas pessoas afeta<strong>das</strong>.<br />

Também o naturalista Juan B.-Ambrosetti (1894 p.700) escreveu de Misiones que<br />

o mel da IRATI "... produce um fenômeno de paralisis digno de estúdio". Já se<br />

passaram mais de 100 anos e esse estudo ainda não foi realizado. Na Costa Rica, o<br />

meliponicultor Francisco Guevara Espinoza, de Pedernal de Nicoya, Guanacaste,<br />

disse-me que lá uma Lestrimelitta produz mel tóxico. Também o meliponicultor<br />

Professor Jorge Gonzalez-Acereto, de Merida, Yucatan, México me relatou ter<br />

sido informado de que o mel dessa abelha é tóxico. Assim, parece-me não haver<br />

dúvi<strong>das</strong> de que se trata de um mel perigoso, reconhecido como tal, num imenso<br />

território.<br />

Em resumo, o mel e a samora/saburá <strong>sem</strong>i líquida <strong>das</strong> <strong>abelhas</strong> pilhadoras<br />

Lestrimelitta spp nunca, jamais, deve ser consumido.

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